Quando o homem chega aos 40 anos de idade, muitas coisas mudam, umas
para melhor e outras, digamos, não funcionam mais como antigamente. Mas
para que tudo continue funcionando são necessários alguns cuidados.
Entre os exames de rotina para os quarentões, há um até hoje cercado de
crendices e irreverência: o toque retal para identificação de possíveis
anormalidades na próstata, inclusive o câncer. Durante o 34º Congresso
Brasileiro de Urologia, encerrado na última quinta-feira, em Natal, a
Sociedade Brasileira de Urologia lançou uma compilação com o resumo das
novas recomendações para a prevenção e tratamento dessa doença que tanto
vitima os homens.
As novas orientações chegam justamente em
plena campanha do Novembro Rosa, que visa alertar para o câncer de
próstata. O compêndio foi elaborado por 25 especialistas em urologia,
oncologia e radioterapia. Entre as principais recomendações estão: o
aumento em cinco anos para a avaliação precoce da doença – 45 anos para
homens com casos na família ou negros, e 50 anos para os demais;
princípios básicos da prevenção do tumor; identificação de casos de
câncer de próstata que têm baixa agressividade e que não necessitam de
tratamento imediato; seleção individual da temperatura, ou seja, não
existe tratamento padrão para todos os casos; atualização dos novos
métodos terapêuticos que permitiram aumentar a sobrevida dos pacientes
com melhor qualidade de vida.
A frequência de visitas ao urologista também mudou, segundo Valdemar
Ortiz, presidente da Comissão Científica do Congresso Brasileiro de
Urologia. A recomendação agora é que a visita ao médico seja adequada a
cada paciente. “Nós não podemos ter uma receita de bolo igual para todo
mundo.”
Se o homem não tem antecedente de câncer de próstata na
família, não é afrodescendente, faz o exame de toque e de sangue e não é
detectado nada, o urologista pode, em comum acordo com o paciente,
combinar as visitas. “Em vez de fazer anualmente, pode-se fazer a cada
dois anos; ou, eventualmente, em alguns casos, até cada três anos”,
comenta Valdemar Ortiz.
Os especialistas envolvidos na produção
do livro da SBU com as novas recomendações passaram dois anos dedicados
ao trabalho, analisando estudos sobre a doença para definir diretrizes a
serem seguidas pelos médicos brasileiros. As últimas recomendações da
entidade tinham mais de cinco ano e já estavam defasadas.