“O sistema prisional do Rio Grande do Norte precisa ser alterado urgentemente, porque há sérios problemas que têm que ser corrigidos para ontem. Pior que a superlotação, que é grande, não há as mínimas condições de salubridade em várias unidades. É um problema de ordem social”, afirmou o integrante do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), Guilherme Calmon. Hoje, ele fez a entrega do relatório final do mutirão carcerário, realizado no Estado entre abril e maio, nas unidades prisionais do Estado, ao presidente do Tribunal de Justiça potiguar, desembargador Aderson Silvino.
Para Calmon, que é supervisor do Departamento de Monitoramento e Fiscalização do Sistema Carcerário e do Sistema de Execução de Medidas Socioeducativas (DMF-CNJ), 85% dos problemas são de responsabilidade do Governo do Estado e apenas 15% do judiciário. Ele disse ainda que, diante das situações encontradas no Rio Grande do Norte, o CNJ elaborou uma relação com 12 recomendações e uma série de sugestões para que o sistema potiguar fique o mínimo possível adequado.
“Cada uma delas tem um prazo para ser atendida pelo Estado e, caso isso não aconteça, o CNJ tem a responsabilidade de encaminhar o caso ao Ministério Público do RN ou à Procuradoria Geral da República. Já com relação às recomendações e sugestões mais urgentes, se não forem atendidas, o orgão poderá solicitar até intervenção federal das unidades. Entre as recomendações e sugestões, estão a construção urgente de novas unidades prisionais, a reforma das já existentes, entre outras”, explicou Calmon.
Durante o mutirão carcerário feito pelo CNJ, foram inspecionadas 22 unidades prisionais de várias regiões do Estado, especialmente na Região Metropolitana de Natal e região Oeste do Rio Grande do Norte. Pelo relatório preliminar divulgado na época, mais de 90% dos presídios potiguares não tinham as mínimas condições de abrigar presos. Segundo Calmon, a realidade potiguar não difere de outros estados como São Paulo ou Maranhão.
“Mas isso não significa que temos que nos conformar. Pelo contrário. É inadmissível que ainda existam unidades com capacidade para 300 presos que abriguem 600, por exemplo. Além de todos os problemas gerados com isso, ainda há a questão de disseminação de doenças que podem virar epidemia, o que coloca em risco não apenas os presos, mas também os funcionários, visitantes, moradores de áreas próximas, ou seja, gere um problema de ordem social”, enfatizou o conselheiro do CNJ.
Sejuc confirma obras de construção e reformas de unidades
Ontem, a governadora Rosalba Ciarlini e o secretário de Justiça e da Cidadania (Sejuc), Júlio César Queiroz, receberam o conselheiro do CNJ, Guilherme Calmon, e confirmaram a construção de duas novas unidades prisionais com capacidade para 603 presos cada, com recursos do Ministério da Justiça e contrapartida do Estado. Além disso, outras cinco obras de reforma, manutenção e ampliação de unidades já existentes já estão garantidas, o que gerará um total de 1,8 mil novas vagas.
Já com relação aos investimentos em equipamentos, Júlio César afirmou que foram adquiridos 200 coletes a prova de balas, 400 pares de algemas, 1890 armas de fogo, nos calibres 12 e ponto 40, além de dez fuzis para escolta de presos. “Recebemos as recomendações com humildade e vamos fazer as avaliações necessárias para melhorar a infraestrutura das unidades e também a parte de pessoal”, afirmou o secretário Júlio César.
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