Depois de meses de tranquilidade, pelo menos no corredor do politrauma,
já que o corredor de pacientes de clínica médica sempre esteve lotado, o
maior hospital de urgência e emergência do Rio Grande do Norte, o
Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel voltou a sofrer com a superlotação de
pacientes, inclusive no setor de politrauma. A superlotação está sendo
ocasionada pelo fato de o município de Natal não ter renovado o contrato
com os Hospitais que realizam o segundo tempo cirúrgico da ortopedia
(Policlínica Paulo Gurgel e Hospital Memorial), bem como com os
hospitais que realizam procedimentos cardiológicos (Hospital Natal
Center, Incor, Hospital do Coração), como cateterismo e angioplastia. Na
manhã de hoje, por exemplo, havia 68 pacientes com encaminhamento para
cirurgia ortopédica, mas não havia nenhuma perspectiva de transferência.
A diretora geral do Hospital, Fátima Pinheiro, cobra que os municípios,
em especial Natal, resolvam as pendências com os hospitais conveniados
para que possa haver maior rotatividade dos pacientes internados no
Walfredo Gurgel. “Hoje o paciente passa bem mais tempo, ocupando por
mais tempo um leito e tudo isso significa mais gasto. É importante que a
Secretaria resolva esses problemas e é inadmissível que uma cidade como
Natal não tenha um hospital do município. O Hospital Walfredo Gurgel
não é problema e sim solução para o Estado inteiro”.
“Nunca ficamos como o ideal, sem ter pacientes no corredor de clínica,
mas tínhamos pelo menos um corredor vazio. Mas se as ações não forem
contínuas voltaremos ao caos novamente. Não adianta fazer o mutirão da
ortopedia e zerar a fila, pois o trauma não para, principalmente de
acidente de motos. É necessário mais fiscalização e um trabalho de
educação, pois o trauma precisa ser combatido lá fora. O mutirão é
importante, pois, além de retirar os pacientes, dá tempo de o município
tomar alguma providência de forma definitiva. Espero que alguém tome
alguma providência para que o Walfredo não seja penalizado e não
retroceda tudo o que avançou ao longo deste ano”, destacou a diretora
Fátima Pinheiro.
A diretora do Walfredo Gurgel ressalta que a prática da ambulancoterapia
continua sendo realizada. “Continuam agindo de forma sem controle. Além
do mais, por mais que se coloque médicos no interior, na baixa
complexidade, se não equiparem os postos de saúde para fazerem um exame
de sangue, os médicos continuarão encaminhando pacientes para o Hospital
Walfredo Gurgel. O PSF precisa funcionar e para isso precisa estar
equipado. Isso é responsabilidade dos municípios e o Hospital Walfredo
Gurgel continua sofrendo com esse problema que é dos municípios”,
afirmou a Fátima Pinheiro.
Há um ano, o Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel passava por uma grande
crise de desabastecimento. Hoje, a realidade é diferente. A situação
está estabilizada com abastecimento girando em torno de 85%. No entanto,
essa situação pode ficar comprometida com a superlotação. A diretora
Fátima Pinheiro conta que o Hospital está abastecido até março do
próximo ano, já que nos próximos dias fecha-se o ano fiscal que só é
reaberto no mês de março do próximo ano, impossibilitando qualquer
compra durante esse período.
“Conseguimos correr contra o tempo para garantir o abastecimento.
Colocamos Kanban (ferramenta de gestão) em todos os processos e
agilizamos as nossas compras, mas infelizmente com essa superlotação os
insumos vão acabar. É necessário que os municípios façam alguma coisa,
antes que comecemos a ficar desabastecidos, por um problema que não
depende da gestão interna. Temos insumos até março, mas com essa
superlotação não podemos prever”, destacou a diretora. Fátima Pinheiro
conta que diante da situação de superlotação, os profissionais já
voltaram a ficar sobrecarregados e aumentou o número de afastamento por
licença médica.
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