O Ministério Público Federal no Rio Grande do Norte (MPF/RN) ingressou
nessa quinta-feira (30) com uma ação de improbidade contra o deputado
estadual Gilson de Moura. De acordo com a ação, ele é diretamente
responsável pela inserção fraudulenta de nomes de “funcionários
fantasmas” no quadro de servidores e folhas de pagamento do Instituto de
Pesos e Medidas do Rio Grande do Norte (Ipem/RN), em supostas
irregularidades que foram investigadas na Operação Pecado Capital. O MPF
pede o afastamento imediato do deputado da Assembleia Legislativa.
O
deputado estadual é acusado pelo desvio e subtração de valores
repassados ao Ipem pelo Inmetro. Para o MPF, os atos de Gilson Moura
implicaram enriquecimento ilícito dos envolvidos, causando dano ao
erário e ofensa a princípios da Administração Pública.
A ação é
resultado das investigações que deflagraram, em 2011, a chamada Operação
Pecado Capital, e que já geraram o ajuizamento de cerca de 20 ações
(improbidade e penais) por parte dos Ministérios Público Federal e
Estadual. No decorrer do processo que apura a inclusão de um grupo de
funcionários “fantasmas” de Currais Novos na folha de pagamento do Ipem,
os acusados celebraram acordo de colaboração premiada com o MPF,
revelando como principal beneficiário do esquema o deputado estadual
Gilson Moura.
Os depoimentos dão conta de que, na campanha para prefeito de Parnamirim
em 2008, na qual o parlamentar figurou como candidato, Gilson Moura
contratou o aluguel de veículos, especialmente carros de som ou trios
elétricos, junto a Sebastião Garcia Sobrinho, conhecido como “Bola”. O
pagamento ocorreria exatamente por meio da inclusão dos funcionários
“fantasmas” na folha salarial do Ipem. A empresa Bola Veículos Ltda., de
propriedade de Sebastião Garcia Sobrinho, figura inclusive como doadora
de campanha de Gilson Moura nas eleições daquele ano.
De acordo
com a ação do MPF/RN, o deputado estadual foi o responsável pela
indicação de Rychardson de Macedo Bernardo para a direção do Ipem/RN.
Ele era um dos principais favorecidos pela estrutura de desvio de
recursos públicos implantada na entidade estadual.
Os cargos de
chefia do instituto eram ocupados por pessoas a ele ligadas, como
Rychardson de Macedo Bernardo (diretor), Aécio Aluízio Fernandes de
Faria (coordenador financeiro de fato), Daniel Vale Bezerra (coordenador
jurídico), Adriano Flávio Cardoso Nogueira (coordenador
administrativo), os quais figuram como doadores de campanha nas eleições
de 2006, 2008 e 2010.
A celebração do acordo de colaboração
premiada revela ainda que, pouco depois da deflagração da Operação
Pecado Capital, os funcionários fantasmas foram intimados a prestar
depoimento ao Ministério Público Estadual. Em razão disso, foram
pressionados por Gilson Moura a mentir em seus depoimentos, sustentando
versões não correspondentes à realidade. Essas pressões, consideradas
por eles como verdadeiras “ameaças”, ocorreram por meio de advogados que
se deslocaram até Currais Novos e instruíram os depoentes, a mando do
parlamentar.
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