O atendimento ortopédico no Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel só
está garantido até o próximo domingo (22). Isso porque diante do déficit
de profissionais a escala não pode ser completa para garantir o
atendimento o mês inteiro. A direção do Hospital e a Secretaria Estadual
de Saúde Pública (Sesap) refizeram a escala para garantir o atendimento
até o dia 31, com apenas dois profissionais no plantão, mas os
ortopedistas se recusaram em cumprir essa nova escala e afirmam que só
garantem o atendimento até o próximo domingo.
No entanto, o Ministério Público do Rio Grande do Norte expediu,
nesta terça-feira (17), uma Recomendação Ministerial dando um prazo de
cinco dias para que os médicos ortopedistas do Hospital Monsenhor
Walfredo Gurgel cumpram integralmente a escala de trabalho publicada no
Diário Oficial do RN, pela Secretaria de Estado da Saúde Pública, sob
pena de responsabilização administrativa, civil e criminal de cada
profissional envolvido.
Assinada pelo Promotor de Justiça Substituto, Carlos Henrique
Rodrigues da Silva, a Recomendação considera uma flagrante ofensa, a
elaboração e cumprimento de uma escala paralela à preparada pela Sesap
em função do pedido de exoneração intempestivo de quatro médicos que
compunham a equipe. Para o Ministério Público, “essa escala paralela,
com três médicos por turno de plantão, implica a insuficiência de
profissionais para completar a escala até o final do mês de dezembro,
deixando vazios em vários dias de plantão”.
Segundo a Recomendação Ministerial, a conduta por parte dos médicos
servidores públicos, configura proibição constante do art. 130, IV, da
Lei Complementar Estadual nº 122, de 30 de junho de 1994. “A
responsabilização administrativa do servidor infrator não afasta as
demais esferas de responsabilidade civil e criminal, decorrentes do
prejuízo imputado à população pela incompletude das escalas de trabalho
no HMWG/OS Clóvis Sarinho que implica na descontinuidade na oferta dos
serviços de traumato-ortopedia”, diz o documento Ministerial.
A escala emergencial elaborada pela Sesap e, atualmente, descumprida
pela equipe de ortopedistas, estabelece a alternância de dois e três
ortopedistas por plantão. “Entendemos que a escala ideal é a de três
plantonistas, mas essa foi a forma emergencial que encontramos para
fechar a escala até o final de dezembro e a população não ficar
desassistida a partir do dia 22, por falta de médicos”, informa Camila
Costa, da Coordenadoria de Operações de Hospitais e Unidades de
Referência (Cohur), da Sesap.
A coordenadora Camila Costa aproveita a Recomendação do Ministério
Público para reiterar o apelo aos médicos ortopedistas para que entendam
as dificuldades do momento e cumpram a nova escala estabelecida pela
Secretaria para evitar as medidas administrativas cabíveis à situação.
“Não há tempo para cumprir os trâmites burocráticos de se fazer um
processo licitatório de contratação de cooperativa médica, nem tampouco
para realização de concurso, já que não temos profissionais concursados
para convocar. Apelamos então ao bom senso desses profissionais porque
estamos no fim de ano, quando ocorre, naturalmente, o aumento no número
de acidentes, devido às festividades de Natal e Réveillon e não podemos
ficar sem ortopedistas no principal hospital pronto-socorro da capital”,
reforça.
Falta de profissionais traz sobrecarga de trabalho do HWG
O déficit de profissionais no maior hospital de urgência e emergência
do Rio Grande do Norte, Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel tem causado
sobrecarga dos profissionais, principalmente técnicos de enfermagem e
enfermeiros. Na manhã de hoje, o corredor do Politrauma estava vazio,
mas o de clínica médica tinha 32 pacientes internados em macas. Para
atender esta demanda havia apenas cinco técnicos de enfermagem e um
enfermeiro.
A situação se repete nos andares do Hospital. No segundo andar, há
apenas uma enfermeira para atender 53 pacientes internados, entre eles
pacientes com seqüelas de AVC, hipersecretivos, com úlceras de decúbito e
muitos idosos. No quarto andar, onde ficam internados pacientes de
ortopedia, amputados, idosos com diabetes e pacientes com grandes
lesões, uma única enfermeira é responsável por atender 54 pacientes.
Tanto no terceiro andar, com 38 pacientes, quanto no quinto andar, com
15 pacientes, só há uma enfermeira para atender a demanda de pacientes.
“Em maio, havia um déficit de 98 enfermeiros e 222 técnicos de
enfermagem no Walfredo Gurgel. De lá para cá, nenhum profissional foi
convocado para cá e o governo reduziu as equipes, cortando plantões.
Antes havia mais um ou dois em cada equipe, trabalhando como plantão
eventual, para poder completar os baixos salários. O governo economizou,
estamos trabalhando com uma sobrecarga como nunca se viu, e a população
é a mais prejudicada”, afirma Egídio Júnior, vice-coordenador-geral do
Sindsaúde e enfermeiro do hospital.
A assessoria de imprensa do Hospital Walfredo Gurgel disse que há
anos que apenas um enfermeiro fica responsável pelos atendimentos dos
pacientes internados nas enfermarias e que, até então, não houve
descontinuidade do serviço.
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