Um amigo íntimo do pai de Marcelo Pesseghini, o adolescente de 13 anos
suspeito de matar os pais, a avó, a tia-avó e depois se suicidar, contou
a polícia que o garoto teria ameaçado a mãe de morte porque ela poderia
tirar sua espingarda de brinquedo. O depoimento foi prestado por um
policial da Rota que trabalhava com o pai do estudante, o sargento da PM
Luiz Marcelo Pesseghini, casado com a cabo Andréia Bovo Pesseghini.
De acordo com o PM, Marcelo tinha uma espingarda de pressão e gostava
de atirar em animais, como cães e passarinhos. Vizinhos teriam
reclamado para a mãe do estudante, que chamou o garoto para conversar. A
testemunha disse à polícia que Andréia avisou que ele deveria parar de
acertar em bichos e explicou que só poderia usar a arma contra um alvo
em casa. O filho, segundo o policial, ficou contrariado. "Eu só quero
acertar em animais", teria dito Marcelo. Quando a mãe alertou que o
deixaria sem a espingarda, ele ameaçou de matá-la, ainda conforme o PM. O
colega do sargento Pesseghini descreveu o menino como um excelente
atirador.
A testemunha, com qual o sargento Pesseghini
fazia confidências, disse que o caso lhe foi relatado semanas antes do
crime. O pai de Marcelo teria recebido um telefonema e ficado
preocupado. Na ocasião, ele teria dito ao amigo que sua mulher foi
ameaçada de morte pelo filho.
O depoimento do amigo do
sargento é mais um dos relatos que a polícia reúne para tentar
compreender o comportamento de Marcelo. Nesta sexta-feira, o psiquiatra
forense Guido Palomba deverá se reunir com o delegado do caso, Itagiba
Franco, para analisar o inquérito e traçar um perfil da personalidade do
garoto. Já houve relatos de que Marcelo mudou de comportamento meses
antes do crime e que passou a fazer brincadeiras com armas de fogo em
casa, como simular que atiraria em alguém.
Os promotores
Vinicius França e André Bogado, da 2ª Vara do Júri da Capital, estiveram
nessa quinta no Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa.
Segundo elas, a posição do Ministério Público é de cautela. De acordo
com Bogado, dois tios de Marcelo, irmãos da cabo Andreia, estiveram na
Promotoria e afirmaram que não acreditam que o garoto fosse o culpado.
Eles teriam pedido novas investigações.
A polícia já ouviu
48 pessoas. Ainda estão previstas mais duas testemunhas, uma delas uma
policial que trabalhava com Andreia. Na quarta-feira, dois colegas de
Marcelo depuseram novamente e confirmaram algumas informações que haviam
sido ditas por outros alunos da escola do adolescente. As duas
testemunhas teriam omitido informações, segundo um email interceptado
pela polícia. No novo depoimento, elas voltaram atrás e disseram que
Marcelo contou a elas que matou a família, quando chegou à escola na
data do crime. Segundo o inquérito, Marcelo tinha um grupo de amigos que
jogavam o videogame Assassin´s Creed, chamado de Os Mercenários.
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