O chefe da Casa Civil do Governo do Estado, Carlos Augusto Rosado, é
quem decidirá se a gestão Rosalba concederá ou não uma desoneração de 5%
sobre o Querosene de Aviação (QAV), atualmente em 17%. A medida é
considerada fundamental para trazer de volta mais de uma centena de voos
que deixaram de chegar ao Aeroporto Internacional Augusto Severo nos
últimos dois anos.
Caso seja concedida a desoneração, a Secretaria de Tributação deixaria
de arrecadar R$ 9,5 milhões por ano, mas os especialistas dizem que o
retorno para a economia, com a volta dos voos, seria infinitamente maior
do que o prejuízo. O problema é a atual situação financeira do Estado
com a perda de arrecadação do Fundo de Participação do Estado (FPE).
Ontem, numa reunião entre a governadora Rosalba Ciarlini e o
presidente da CVC, Valter Patriani, o chefe do Gabinete Civil e marido
de Rosalba, Carlos Augusto Rosado, disse que estudaria a proposta de
desoneração. A CVC é a maior operadora turística brasileira e responde
por mais de 70% dos pacotes recepcionados pela hotelaria de Natal.
Carlos Augusto se comprometeu em enviar a proposta para análise
jurídica e promover uma posterior discussão com o setor tributário do
Estado.
A família do hoteleiro Rui Gaspar, presente no encontro com Rosalba,
tem uma relação histórica com Guilherme Paulus, fundador da CVC. Aliás,
no material de imprensa distribuído pelo governo sobre o encontro, isso
não é escondido: a reunião teve por objetivo “potencializar a presença
da CVC” no Estado.
A desoneração do QAV, hoje já concedida em algumas capitais, seria a
única fórmula para trazer de volta os voos perdidos, já que o item
combustível representa, em média, 43% do custo operacional de uma
aeronave, segundo dados da Associação Brasileira das Empresas Aéreas
(Abear).
“O turismo do Rio Grande do Norte precisa crescer dois dígitos ao
ano. E se temos um Estado eminentemente turístico, este certamente é um
dos caminhos para onde os investimentos devem seguir”, afirmou o
secretário Turismo, Renato Fernandes, também presente à reunião.
“Sabemos da estratégia empresarial das companhias aéreas em reduzir o
número de voos para aumentar o preço das passagens. Então temos que
correr atrás para compensar essa perda”, afirmou.
Em abril, o Distrito Federal diminuiu sua alíquota de 25% para 12% no
QAV – uma renúncia fiscal calculada em R$ 131 milhões ao ano. A
estratégia deu funcionou e os voos perdidos voltaram rapidinho para a
capital do país: 56 voos só em junho.
Nesta mesma época, Fortaleza perdia 47 voos e praticamente todos os
aeroportos brasileiros registraram quedas consecutivas de embarques. No
primeiro bimestre do ano, ainda em alta estação, houve queda de 2,29% no
transporte aéreo de passageiros, com relação ao mesmo período de 2012,
segundo dados da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).
Nada disso, porém, quer dizer que o RN anunciará em breve se haverá
ou não uma redução de 5% da alíquota sobre o QAV. Nesta terça-feira,
ouvido pelo JH sobre o assunto, o secretário de Tributação, José Airton
da Silva, deu um banho de água gelada na proposta. “Nesse momento, não
teríamos como justificar uma isenção desse tamanho”, afirmou.
Segundo o secretário, a governadora vem tentando em Brasília recompor
a queda de recursos do Fundo de Participação do Estado (FPE), mas, por
enquanto, o quadro é desfavorável tendo em vista uma série de outras
prioridades. Ele citou o caso da greve da Polícia Civil para explicar
porque desonerar o QAV está, agora, mais longe do que perto de
acontecer.
Nenhum comentário:
Postar um comentário