O aumento do preço do diesel cria mais pressão sobre as tarifas de
ônibus urbanos, congeladas desde janeiro, quando deveriam ter ocorrido
os últimos reajustes anuais previstos nos contratos de concessão das
maiores cidades do país. O peso do combustível nas passagens de ônibus é
de aproximadamente 20% e, segundo Associação Nacional das Empresas de
Transporte Urbano (NTU), o impacto do novo preço do insumo, anunciado
pela Petrobras, na última sexta-feira, será de 1,91%. Entretanto, os
empresários alegam que o aperto é bem maior e justificam que alta do
combustível acumulada no ano é de 17%, o que gera um impacto nos custos
de 4,05%. Esse foi o terceiro reajuste concedido neste ano.
O presidente da NTU, Otávio Cunha, avalia que não há clima político
para que as prefeituras, que têm o poder concedente do transporte,
determinem novo aumento, ainda mais em ano eleitoral. “O sentimento é
que não existe um ambiente favorável. As manifestações pararam, mas não
sabemos a reação da sociedade em face a um possível aumento. É
temerário, mas a sociedade precisa refletir. Não é uma questão de lucro.
Você só consegue equilibrar o custo (com as tarifas atuais) com a
redução do serviço e da qualidade do transporte e não é isso que a
sociedade quer”, avalia Cunha.
As perspectivas nas duas maiores cidades brasileiras são diferentes,
no entanto. Enquanto o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, antes
mesmo do anúncio da Petrobras, já havia defendido novo reajuste em
janeiro, em São Paulo, o governo Fernando Haddad informou ontem que não
há previsão de aumento da tarifa, no momento.
Os contratos de transporte urbano das duas cidades prevêem reajustes
anuais em janeiro. Entretanto, a pedido do governo federal, por causa da
preocupação com a inflação, este ano o aumento foi adiado para junho.
Após o anúncio dos famosos reajustes de R$ 0,20 (para R$ 3,20, em São
Paulo, e para R$ 2,95, no Rio), explodiram os protestos nas ruas, e os
dois prefeitos voltaram atrás.
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