A greve dos bancários, que completa hoje 21 dias, vai acarretar
perdas na arrecadação de ICMS do Estado na ordem de R$ 20 milhões a
serem sentidos já na próxima arrecadação.
Dos R$ 358 milhões gerados em média mensalmente pelo tributo no RN,
em torno de R$ 67 milhões são oriundos do setor varejista. A redução de
30% nas vendas do comércio faz parte de um cálculo nacional divulgado
pela Federação das Associações Comerciais.
Mas são nas vendas do Dia das Crianças que estão as piores
expectativas do comércio. Hoje, o vice-presidente do CDL Natal, Augusto
Vaz, disse que o segmento lojista já saiu de um estado de preocupação
para forte apreensão com os prejuízos da greve dos bancários.
Segundo ele, a estrutura montada pelos bancos para receber depósitos é exígua e está longe de atender a demanda.
“Em geral, há uma agência com dois funcionários para atender depósitos
quando há muitos comerciantes que precisam chegar às sete da manhã para
serem atendidos, quando são”, afirmou.
Procurada pelo O JORNAL DE HOJE, a assessoria de comunicação da
superintendência local do Banco do Brasil comunicou que toda a
informação sobre o que as instituições estão fazendo para minimizar as
consequência da greve dos bancários está centralizada na Federação
Nacional dos Bancos, em São Paulo. “Não podemos responder a nenhuma
questão, pois há uma determinação nesse sentido da Federação”, explicou
uma fonte da superintendência.
Ontem (8), a Câmara de Dirigentes Lojistas de Natal distribuiu no fim
da tarde uma nota expressando sua preocupação com o prolongamento da
greve dos bancários.
O documento cobra das instituições a manutenção dos serviços mínimos
essenciais conforme estabelece a lei de greve, que define a compensação
bancária como serviço essencial (depósitos bancários, saques, pagamentos
de boletos, compensação de cheques) para que a população, comerciantes e
consumidores, não sejam prejudicados com a paralisação da categoria.
Na mensagem, a CDL “reconhece o valor da greve como instrumento
histórico de luta por melhores condições de trabalho”, mas em nome da
categoria lojista, faz um apelo para que os serviços mínimos previstos
em lei sejam respeitados e para que as autoridades competentes
fiscalizem e cobrem pelo cumprimento da legislação.
“A situação – diz o texto – está prejudicando os empresários que,
impossibilitados pela paralisação, não conseguem honrar seus
compromissos financeiros, e prejudica também o consumidor, que encontra
dificuldade para sacar/depositar quantias, fazendo a economia paralisar
por escassez de dinheiro”.
Hoje, Augusto Vaz comentou que o maior temor dos comerciantes era que
a greve atingisse o quinto dia útil de setembro, quando a maioria das
empresas deposita o pagamento de seus empregados, movimentando o
comércio.
“Com isso, o faturamento das lojas já sofreu um baque e essa situação
muito rapidamente deve comprometer toda a economia do Estado”,
acrescentou o vice-presidente da CDL Natal.
Essa retração, segundo Vaz, deve se refletir também nos números do
último trimestre, quando há um aquecimento normal nas vendas. Essa
preocupação cresce também com a chegada do Dia das Crianças, quando há
um incremento expressivo nos negócios.
Vestuário, calçados, eletroeletrônicos estão entre os segmentos a serem
mais afetados, segundo as lideranças nacionais do comércio.
Augusto Vaz enumerou pelo menos cinco consequências tangíveis e
intangíveis da greve dos bancários: além da escassez de dinheiro em
circulação (lado tangível), a população fica com medo de portar dinheiro
com a insegurança e retrai os gastos por não saber qual será o
comportamento dos grevistas (lado psicológico).
Para o superintendente da Associação Comercial do Rio Grande do
Norte, Adelmo Freire, o certo é que a grave dos bancários agravará os
resultados para o Dia das Crianças, cuja data já prometia um crescimento
de 4,5% em relação ao ano passado – o pior resultado dos últimos três
anos.
“Isso é muito ruim porque significa o agravamento de um problema já
aguardado em função de outros sinais negativos da economia”, afirmou. “O
varejo – lembrou Freire – é justamente o termômetro da atividade
econômica”.
Ontem, a CDL Natal pediu para seu departamento jurídico que
levantasse a existência de alguma provocação junto ao Ministério Público
sobre a deficiente atuação dos bancos para minimizar a greve. E se cabe
alguma medida judicial em relação ao próprio movimento de greve ter
sido montado para não atender o público dentro do que é normal sob essas
circunstâncias.
Na semana passada, durante a convenção dos lojistas, o medo de que a
greve dos bancários se prolongasse provocou uma série de reações entre
os empresários, irritados até com o feriado dos Mártires de Cunhaú e
Uruaçu, que matam o comércio financeiramente.
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