A presidente do PSB, Wilma de Faria, criticou a má gestão do governo
Rosalba Ciarlini (DEM) e cobrou explicações quanto à real situação
financeira do Estado. Citando as cobranças do Judiciário, do Legislativo
e de órgãos auxiliares como o Ministério Público, a ex-governadora
acusou o governo de falta de transparência em suas finanças.
“Falta transparência. Imagine se o Ministério Público questiona, o
Poder Judiciário questiona, o Poder Legislativo, todos estão
questionando, e a população também, porque a população quer saber por
que o Estado está nessa situação de caos, porque nós estamos vivendo
esse momento tão difícil”, afirmou a governadora, durante entrevista
esta manhã ao “Jornal da Cidade”, da FM 94.
Wilma não deixou de reconhecer as dificuldades administrativas,
reforçadas pela distribuição injusta do bolo tributário nacional e
aproveitando para defender uma reforma tributária. “Mas, além disso,
precisa ter uma boa gestão e está faltando exatamente essa boa gestão,
que nós não temos aqui no Estado”, apontou.
“A gente teve o caos de Natal e agora estamos tendo o caos no Estado,
por falta de planejamento, por falta de uma boa assessoria e por falta,
principalmente, de definição de prioridades”, afirmou, se referindo ao
governo Micarla de Sousa e Rosalba Ciarlini. “E, para completar, ainda
temos crise de autoridade no governo aqui no Rio Grande do Norte”,
continuou a pessebista.
Instada a explicar que “crise de autoridade” seria essa, Wilma disse
que hoje no Estado não se sabe quem exatamente manda, se a governadora
Rosalba Ciarlini, “ou um secretário que ouve outras pessoas”.
“É uma crise em que a gente não sabe exatamente como é que é o mando,
como é que as coisas estão sendo comandadas. Como é que está sendo o
mando do governo, como as coisas estão acontecendo. Porque tem uma
informação por parte da governadora, depois vem uma informação por parte
de um secretário que ouve outras pessoas. Não é bom. É ruim para a
população, porque, sendo ruim para o governo como um todo, em termos
administrativos, é ruim para todos”, afirmou.
TRANSPARÊNCIA
Embora as dificuldades de receita do Estado, Wilma exaltou a boa
arrecadação de ICMS, destacando que o imposto, inclusive, ajuda os
municípios com uma divisão. “Agora, o que está acontecendo em nível de
Estado hoje é que não há uma transparência em relação a esses recursos
que são arrecadados, e os recursos que são utilizados para pagamento de
pessoal, manutenção dos programas e, ao mesmo tempo, também para
investimentos”, afirmou.
Wilma defendeu que “o Estado precisa dizer quanto é a sua real folha
de pessoal, deixando bem claro quanto é que pagam hoje à folha de
pessoal, como é o pagamento líquido dessa folha, o que é que fica para o
Estado como receita, no caso do Imposto de Renda, e deixar tudo isso
muito claro, para o próprio Poder Judiciário, o Poder Legislativo,
formado pela Assembleia, Tribunal de Contas, e Ministério Público e os
demais poderes também saberem o que é que está acontecendo, porque deles
cortaram mais de 10% do orçamento”.
Wilma conclui afirmando que o Estado enfrenta graves problemas também
em outros setores. “O Programa do Leite está acabado, oito quinzenas
sem pagar, os criadores com a mão na cabeça, uma situação grave,
difícil. É isso que estamos vivendo. O que está sendo colocado que vai
ser feito em relação à perfuração de poços, as barragens subterrâneas e
tudo mais, a gente não encontra onde é que elas estão sendo feitas.
Estão sendo anunciadas, mas não se encontra. Eu tenho andado em todas as
regiões do Estado e não estou vendo isso”.
“Não entendo o PMDB romper e fazer nova aliança com DEM”
A presidente do PSB, ex-governadora Wilma de Faria, se mostrou
perplexa com a possibilidade de aliança entre DEM e PMDB anunciada ontem
pelo senador José Agripino Maia, presidente do DEM. Segundo ela, o que
está posto é uma “coisa inusitada”, tendo em vista que o PMDB rompeu
recentemente com a administração Rosalba Ciarlini e, após romper, acena
com possível aliança com o partido da governadora.
“O que está sendo proposto é uma coisa inusitada, porque a
governadora, que está hoje no comando desse processo administrativo que a
população rejeita, é do DEM. E eu não entendo como é que ela é do DEM, o
PMDB a apoiou durante três anos no governo e agora de repente vai
manter um novo contato com o DEM? Eu não entendo como é que vai ser
isso. Nem entendo como é que vai ficar a posição do PMDB nem estou
entendendo como é que vai ficar a posição também do DEM, porque, afinal
de contas, como é que vai ficar a posição da única governadora do DEM no
país, que é a governadora Rosalba Ciarlini? Independente de ela estar
administrando bem ou não, ela tem um partido”, analisou Wilma de Faria.
Wilma abordou a posição anunciada pelo PT potiguar após reunião com a
cúpula nacional do partido. Wilma repetiu que o PSB não adotará a
verticalização, o que garantirá liberdade de alianças. “Não vamos fechar
a porta, queremos conversar com todos”, afirmou a governadora. “Hoje a
legislação não prevê verticalização. E o nosso partido já anunciou que
não vai verticalizar a posição que for tomada a nível central. É
evidente que nós temos uma orientação para aliarmos a partidos do campo
popular e progressista e nós estamos fazendo isso. Mas a gente está
aguardando e vamos continuar conversando”, declarou, informando que irá
conversa com o PSD do vice-governador Robinson Faria e também com o PV
do deputado federal Paulo Davim.
Sobre a possibilidade de aliança com o DEM, a ex-governadora afirmou
que o PSB potiguar não se furtará a conversar com os partidos de centro.
“A gente está sempre conversando com os partidos que estiveram sempre
conosco. Há pouco tempo os partidos progressistas que estiveram conosco
somando em várias eleições e estamos continuando a fazer esses contatos e
fazer esse diálogo entre esses partidos que eu já mencionei, agora não
significa que a gente vai fechar a porta para outros partidos de centro,
não. A gente vai continuar a conversar sem nenhuma discriminação”.
A governadora frisou ainda que está cedo para conclusões, o que
deverá acontecer apenas a partir de março de 2014. “A gente tem que
conversar e debater, discutir de forma a ver aquilo que é melhor para a
população, dentro de um clima de paz, isso é fundamental, e focando
naquilo que é mais importante focar, que são os problemas das áreas de
saúde, educação, assistência social, os problemas da população. Nós
estamos pensando que até o final de março possa haver alguma coisa
conclusiva, até lá é inviável, é impossível. Mas a partir de março até
junho, aí muita coisa vai se tornando conclusiva.
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