Após diversas críticas do Poder Judiciário, o presidente do Supremo
Tribunal Federal (STF), ministro Joaquim Barbosa, tem adotado várias
medidas para evitar eventuais questionamentos no processo de expedição
dos novos mandados de prisão de sete condenados do mensalão.
Essas medidas também têm o objetivo de evitar que os novos réus
cumpram pena em regime fora daquele que lhes foi atribuído no momento da
condenação. Como aconteceu com o ex-ministro chefe da Casa Civil José
Dirceu, condenado à prisão em regime semiaberto e que cumpriu o regime
fechado por dois dias.
Quando expediu os primeiros 12 mandados de prisão, Barbosa foi
criticado por vários setores do Poder Judiciário e acusado de ter
cometido ilegalidades, como o encarceramento de detentos sem carta de
sentença ou outros documentos. Alguns desses procedimentos relacionados à
prisão e que foram descumpridos por Barbosa são recomendados pelo
próprio Conselho Nacional de Justiça (CNJ), órgão que o presidente do
Supremo preside.
Com os outros sete réus que ainda dependem da confirmação do
encerramento do processo ou da expedição das cartas de sentença, Barbosa
tem sido mais cuidadoso. Essa maior cautela é apontada como causa
principal do ritmo mais lento observado até agora na expedição dos
demais mandados de prisão.
Desde que passou a ser criticado pelo trâmite adotado nas primeiras
prisões, o presidente do STF passou a ouvir a Procuradoria-Geral da
República (PGR) antes de tomar qualquer nova decisão. Na segunda-feira,
por exemplo, Barbosa determinou o não cabimento dos chamados embargos
infringentes para três réus: o ex-deputado federal Bispo Rodrigues; o
ex-deputado federal Pedro Corrêa e Vinícius Samarane, ex-executivo do
Banco Rural.
Dessa vez, Barbosa tomou como base um parecer da PGR. Assim, esses
três réus já tinham condições de cumprir seus respectivos mandados de
prisão a partir de segunda-feira.
Na terça-feira, a Procuradoria-Geral da República também determinou o
não cabimento dos embargos infringentes impetrados pelo deputado
federal Valdemar Costa Neto (PR-SP) e por Rogério Tolentino, ex-sócio do
publicitário Marcos Valério. Com isso, o presidente do STF já tem
condições de determinar o encerramento do processo também para esses
dois condenados e expedir seus mandados de prisão.
Além disso, Barbosa tem levantado vários documentos antes de expedir
os novos mandados de prisão, como as cartas de sentença. Um exemplo
desse tipo de procedimento é em relação ao delator do mensalão Roberto
Jefferson. Na última fase de recursos, a defesa de Jefferson pediu que
ele cumprisse prisão domiciliarporque ele se recuperava ainda de um
tumor no pâncreas.
Barbosa somente tomará qualquer decisão sobre Jefferson após ter em
mãos os laudos do Instituto Nacional de Câncer (Inca). Jefferson
realizou vários exames nesta quarta-feira. A ideia é que qualquer
decisão sobre se Jefferson cumprirá pena em regime semiaberto (ao qual
ele foi condenado) ou domiciliar não seja questionada posteriormente.
Uma outra medida adotada pelo presidente do STF é uma maior
comunicação com o juiz da Vara de Execução Penal do Distrito Federal,
Bruno André Silva Ribeiro. Durante a expedição dos primeiros 12 mandados
de prisão, Barbosa teve problemas de comunicação com o então juiz de
execução penal Ademar Vasconcelos. E esse, conforme Barbosa, foi o
motivo pelo qual os onze presos passaram um final de semana inteiro
cumprindo pena em regime fechado, na sede da Polícia Federal (PF), em
Brasília, ou na Penitenciária da Papuda, no Distrito Federal.
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