Os sindicatos alegam autoritarismo do
governo e compararam as medidas judiciais, anunciadas pelo desembargador
Claúdio Santos, como a reedição do AI-5, o Ato Institucional editado
pelo regime militar em 1968, que acabou com todas as liberdades
democráticas no país. “O que está acontecendo no Rio Grande do Norte é a
volta da ditadura, um absurdo. A Constituição garante o direito de
qualquer cidadão protestar e se movimentar em qualquer espaço público. O
desembargador e a Justiça não têm poder para acabar com isso”, disse
Djair José de Oliveira, presidente do Sinpol.
Marta Turra, do Sindicato dos Bancários,
destacou a importância da unidade das categorias. “Estamos diante de
algo criminoso, que não podemos aceitar. Nessa hora não existem
bancários, policiais civis, servidores da saúde… Existem trabalhadores”,
afirmou. Ela comunicou que o sindicato está colocando faixas de apoio
em várias partes da cidade, inclusive na casa da governadora, e convocou
todos para o ato unificado, nesta sexta-feira. “Vamos sacudir essa
cidade”, convocou. A passeata terá início às 15h30, em frente ao Sinpol e
seguirá até o Bradesco, onde será realizado um ato público. “O Bradesco
é simbólico. Não só pela sua prática anti-sindical, mas porque foi um
dos bancos que contribuíram para a ditadura militar em nosso país”,
afirmou.
Em seguida, foi a vez de Rosália
Fernandes, do Sindsaúde. “Vocês estão certos em comparar com o AI-5.
Isso não é um ataque só a vocês, mas a todos os trabalhadores”, afirmou.
A nota de solidariedade do Sindsaúde foi lida no início da coletiva,
pelo presidente do Sinpol. Rosália afirmou que apresentará a nota na
reunião nacional da CSP-Conlutas, que ocorre neste fim de semana, para
que todos os sindicatos da central assinem e divulguem o que está
ocorrendo no RN. Em seguida, Rosália divulgou que o Sindsaúde entrará
com o pedido de impeachment da governadora Rosalba e convidou os
sindicatos presentes a assinarem a petição. “Essa governadora não pode
mais continuar à frente do nosso estado!”, afirmou, para aplausos dos
grevistas. Rosália propôs ainda que todos usassem mordaças no ato de
sexta-feira, para simbolizar a repressão da Justiça contra a greve e, ao
final, cantou: “Policial é meu amigo, mexeu com ele, mexeu comigo”.
Fátima Cardoso, coordenadora do
SINTE-RN, começou sua fala citando o trecho da nota do Sindsaúde, que
chama a greve dos policiais civis de heróica. “É isso. Vocês estão a
frente de um movimento heróico, de uma dimensão social que talvez não se
perceba agora, mas que já está gravado na história. O que vocês estão
fazendo vai ficar de lição para a juventude”, afirmou. “Vocês são um
exemplo para todas as categorias. Esse Estado tem ânimo, tem capacidade,
e vocês estão demonstrando isso. O AI-5 é forte, mas vocês são muito
mais fortes”. Fátima convocou os sindicatos a realizarem atos
simbólicos, de protesto, na próxima semana, e colocou o programa de TV
do SINTE a disposição dos grevistas.
Eliabe Marques, da Associação de
Subtenentes e Sargentos do RN, destacou a unidade dos trabalhadores da
segurança. “Vocês podem ter certeza que a vontade dos policiais
militares designados para acompanhar os protestos de vocês não era a de
estar ali. Tenho visitado e conversado com os policiais e sentido a
aflição de cada um”, afirmou. “Isso só acontece por causa do regime a
que somos submetidos. Posso ser punido apenas por estar aqui”.
Ele denunciou duas iniciativas do
Ministério Público, que atacam a organização dos policiais militares. A
primeira recomenda que o governo do Estado monitore 24 horas as
atividades dos líderes das associações dos policiais militares e
bombeiros e os prenda em flagrante, em caso de preparação de protestos. O
Ministério Público também preparou um dossiê, que foi anexado a um
inquérito civil, demonstrando que as associações de militares têm
cumprido o papel de sindicatos. “O que é cumprir papel de sindicato? Se o
policial der um plantão e não recebe por isso, e a associação
questionar, isso é descumprir a lei?”, questionou Eliabe.
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