A temperatura do planeta poderá aumentar até 4,8º graus Celsius neste
século e o nível do mar poderá subir até 81 centímetros, com danos
relevantes na maior parte das regiões costeiras do globo, alerta hoje
(27) o Painel Intergovernamental sobre Alterações Climáticas (IPCC, na
sigla em inglês).
Em seu quinto relatório de avaliação,
apresentado em Estocolmo, na Suécia, os especialistas do painel das
Nações Unidas apresentam vários cenários possíveis, levando em conta
milhares de investigações feitas nos últimos anos.
O relatório confirma, "ainda com mais certeza, que as alterações
climáticas se devem à atividade humana", disse, na apresentação do
documento, o secretário-geral da Organização Meteorológica Mundial,
Michel Jarraud.
Em mensagem gravada, apresentada no início da
entrevista, o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, disse: "O
aquecimento é real. Agora temos de agir".
Influência humana
O
IPCC mostra que a influência humana no clima é a principal causa do
aquecimento global observado desde meados do século 20. O aumento das
temperaturas é evidente e cada uma das últimas três décadas tem sido
sucessivamente mais quente.
Segundo o texto, há 95% de
probabilidade de que mais da metade da elevação média da temperatura da
Terra entre 1951 e 2010 tenham sido causadas pelo homem. Os gases de
efeito estufa contribuíram para o aquecimento entre 0,5 e 1,3 graus
Celsius (ºC) no período entre 1951 e 2010.
“A continuada emissão
de gases de efeito estufa vai causar mais aquecimento e mudanças
climáticas. Limitar a mudança climática vai requerer substanciais e
sustentadas reduções das emissões de gases de efeito estufa”, disse
Thomas Stocker, outro coordenador do documento.
O relatório
ressalta que, até o fim do século 21, há pelo menos 66% de chance de a
temperatura global se elevar pelo menos 2ºC em comparação com o período
entre 1850 e 1900. “A mudança na temperatura da superfície da Terra no
final do século 21 pode exceder 1,5ºC no melhor cenário e,
provavelmente, deve exceder 2ºC nos dois piores cenários”, disse
Stocker. Na pior das possibilidades, a temperatura pode alcançar 4,8ºC
até 2100.
Ele acrescentou que ondas de calor muito provavelmente
vão ocorrer com mais frequência e devem durar mais tempo. “Com o
aquecimento do planeta, esperamos ver regiões úmidas recebendo mais
chuvas e regiões secas recebendo menos chuvas, apesar de existirem
exceções”, disse o cientista.
De acordo com o documento, as
concentrações atmosféricas de dióxido de carbono, metano e óxido nitroso
aumentaram para níveis sem precedentes nos últimos 800 mil anos. As
concentrações de dióxido de carbono subiram 40% desde a época
pré-industrial (desde 1750), principalmente devido às emissões
provenientes da queima de combustíveis fósseis.
Segundo Stocker,
como resultado das emissões passadas, presentes e futuras de dióxido de
carbono, a mudança climática é um fato. “Os efeitos no clima vão
persistir por muitos séculos mesmo que as emissões parem”, concluiu o
cientista.
Relatório
O
IPCC foi criado em 1988 pela Organização das Nações Unidas (ONU) e
reúne milhares de cientistas de diversos países. Já foram publicados
quatro relatórios. A divulgação completa do quinto documento, incluindo
os trabalhos dos grupos 2 e 3, deverá ocorrer até 2014. Nesta
sexta-feira, foi lançado o documento do Grupo de Trabalho 1, que trata
dos aspectos científicos das mudanças climáticas. Os dados do IPCC
servirão de base para as negociações climáticas internacionais.
Com informações da Agência Brasil
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