A medula óssea é uma estrutura que fica dentro dos ossos do corpo,
responsável pela produção das células do sangue e das células de defesa.
Entre as células sanguíneas produzidas na medula óssea, estão os
glóbulos brancos, os glóbulos vermelhos e as plaquetas, substâncias
importantes para o transporte de oxigênio, hormônios e nutrientes para o
organismo. Se há algum problema na fabricação dessas células na medula,
o corpo sofre conseqüências e a pessoa pode desenvolver leucemia,
linfomas, anemias graves ou outras doenças do sangue e daí necessitam de
um transplante de medula óssea. No entanto, é muito difícil encontrar
um doador compatível e, por isso, a importância de doar para aumentar as
possibilidades para os pacientes que precisam. A probabilidade de
compatibilidade é de 1 para cada 100 mil cadastrados. Pessoas de 18 a 55
anos podem se cadastrar para doar e, depois, precisam manter o cadastro
atualizado para serem encontradas se houver necessidade.
Com o objetivo de sensibilizar a população e aumentar o número de
doadores voluntários, a Semana de Incentivo à Doação de Medula Óssea
começa hoje e vai até a próxima segunda-feira (7) promovida pelo
Hemocentro Dalton Cunha (Hemonorte) em parceria com a ONG Humanização e
Apoio ao Transplantado de Medula Óssea (Hatmo). Durante a manhã de hoje,
na abertura da Semana, os profissionais de saúde fizeram palestras
educativas e de sensibilização. A meta é elevar o número de doadores
voluntários de medula óssea no Estado. Atualmente, o Hemonorte conta
apenas com 20.017 doadores cadastrados. No Brasil há cerca de 1,5 mil a
espera de um transplante de medula óssea. No RN, mais de cem pessoas
esperam por um transplante.
Em seguida, o Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea (Redome)
realiza a análise de dados e identifica possíveis doadores compatíveis. A
pessoa cadastrada é convocada e tem a liberdade de decidir se, de fato,
fará a doação voluntária. Aqueles que optarem por continuar no processo
devem comparecer ao hemocentro de referência para realizar a
complementação e confirmação do exame de histocompatibilidade humana
(HLA), que comprova a compatibilidade. Além disso, é realizado um
check-up para verificar o estado de saúde do doador.
A presidente da ONG Hatmo, Rosali Cortez, explica que para se
cadastrar a pessoa deve procurar o Hemonorte, onde será feito o cadastro
com os dados pessoais e a coleta de uma amostra de sangue retirado do
braço. A amostra passará por um processo de tipificação, que levantará
as características genéticas de compatibilidade. A partir daí, o doador
recebe um número (semelhante a um código de barras) que o identificará
no banco de medula. O doador deve ter entre 18 e 55 anos e não ter
histórico de doenças infectocontagiosas ou de câncer. As mulheres não
podem doar durante a gravidez. Os critérios são semelhantes aos de uma
doação de sangue.
“Estamos voltando a essa luta de doadores de medula óssea, através da
campanha, para que mais pessoas possam se cadastrar e salvar vidas dos
nossos pacientes. É importante que as pessoas doem um pouco de si para
salvar vidas”, destacou Rosali Cortez, presidente da ONG Hatmo.
De acordo com Rosali Cortez, existem dois tipos de doação: a
tradicional, em que é retirado o sangue da medula diretamente da bacia,
com uma agulha e também sob anestesia. Nesse caso, é retirado de 10% a
15% das células e, depois de 15 ou 20 dias, elas já se regeneram e não
prejudicam a qualidade de vida do doador. Há ainda a possibilidade do
doador receber uma medicação injetável durante 4 ou 5 dias para
estimular a liberação das células tronco hematopoiéticas (células que
produzem o sangue) a saírem da medula, irem para o sangue e serem
coletadas através da veia.
“Existe uma forma que seria mais fácil para todo mundo que é através
da doação do cordão umbilical líquido. Falta interesse dos governantes e
ficamos tristes, pois é vida jogada fora nas maternidades todos os
dias. É revoltante ver pessoas morrendo todos os dias e saber que o
Governo deixa jogar vida fora. As doações não precisariam ter incômodo
para ninguém, mas explicamos para as pessoas que esse incômodo traz uma
vida para alguém”, ressaltou Rosali Cortez.
Rosali Cortez explica que o doador pode retomar suas atividades
normalmente 24 horas após o transplante. Apenas em casos em que a pessoa
realize trabalho com esforço físico intenso, o tempo de repouso deve
ser um pouco maior. As células doadas se regeneram em pouco menos de 15
dias, por isso o doador pode permanecer cadastrado no banco de medulas
para outros transplantes, caso haja novamente a compatibilidade.
Alex Vitor tem 18 anos e há sete está na fila de espera por um
transplante de medula óssea. Ele tem aplasia medular, uma doença
caracterizada pela deficiência medular, ou seja, disfunção da medula
óssea, que pára e não produz as células do sangue. Devido à doença, Alex
Vitor não pode fazer esforço físico, tendo que ficar em repouso
constante. “A espera é difícil, mas com o tempo vamos aprendendo a
conviver com essa deficiência. É necessário que as pessoas se
conscientizem da importância de se tornarem doadores de medula óssea,
pois assim conseguem salvar vidas. Só quem sabe das dificuldades é quem
está passando por elas”, destacou.
Alex encontrou um cordão umbilical compatível, mas pelo peso seria
necessário dois cordões umbilicais, pois um cordão umbilical é para quem
tem até 50kg. “Mas os médicos estão vendo a possibilidade de realizar o
transplante apenas com um, mas ainda não há nenhuma confirmação.
Enquanto isso, eu fico na torcida”. Alex já concluiu o Ensino Médio e
sonha em fazer um curso superior, mas só depois do transplante. “Quero
fazer Enfermagem. Depois de tanto tempo sendo cuidado, acho que já
aprendi algumas coisas e gosto da profissão. Também quero cuidar e
ajudar as pessoas”, afirmou. Após o transplante, a primeira coisa que o
jovem Alex vai fazer é jogar futebol. “Quero jogar bola, nadar, mas
acima de tudo continuarei incentivando as pessoas a doar a medula
óssea”, destacou Alex Vitor.
Nenhum comentário:
Postar um comentário