Os prefeitos de seis dos 18 municípios potiguares escolhidos para
receber nesta segunda-feira a doação de um caminhão-pipa novinho, cada
um no valor de R$ 250 mil, simplesmente não apareceram e nem mandaram
representantes.
Eles foram os primeiros dos 149 municípios em estado de emergência a
receber a doação do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC 2), do
Governo Federal, como forma de minimizar os efeitos da seca. Outros
carros só chegarão em novembro.
Reservado pelo cerimonial da governadora Rosalba Ciarlini para ser um
dos eventos mais importantes do dia da agenda oficial, a doação dos
caminhões-pipa (um investimento de R$ 4,5 milhões do Ministério do
Desenvolvimento Agrário para o RN) mereceu bem mais a atenção de Rosalba
do que a reunião marcada para o mesmo horário na Escola de Governo. No
encontro promovido pela Secretaria de Trabalho, Habitação e Assistência
Social (SETHAS) para planejar o calendário dos artesãos para 2014, a
chefe do Executivo não passou nem 14 minutos. Logo ela chegou à outra
reunião, esta bem menos concorrida, mas considerada mais importante do
ponto de vista institucional para o governo – numa manhã em que a agenda
da governadora nem foi distribuída aos veículos de comunicação.
Pouco antes de sua chegada de Rosalba à Escola de Governo, por volta
das 9h15, uma funcionária do cerimonial procurou o delegado do
Ministério de Desenvolvimento Agrário (MDA) no RN, Raimundo Costa,
preocupada com a falta de pessoas à cerimônia de entrega dos
carros-pipa.
“Estou achando muito pouca gente”, comentou para Raimundo Costa. “É
lasca, você liga para todos os prefeitos, um por um, e nem assim fica
tranqüilo se vão aparecer”, disse o delegado do MDA. E entre os
municípios que não apareceram para pegar seu caminhão-pipa estavam
Grossos, Guamaré, Ipanguaçu, Itaú, João Câmara e Jucurutu. Boa Saúde,
que não fazia parte da lista original de beneficiados, acabou incluída
na última hora.
A ausência desses municípios motivou um comentário do chefe da Defesa
Civil, tenente coronel Josenildo Aciolly: “Eles (os prefeitos) não
devem estar muito precisados”, ironizou. Mais de 70 mil moradores da
zona rural, entre eles cerca de oito mil famílias de agricultores, devem
ser atingidos pelo programa de paliativos do Governo Federal.
A própria Rosalba, em várias oportunidades, afirmou considerar a
presença de carros-pipa uma “vergonha” para o Estado – sinal de que não
existem obras estruturantes capazes de resolver definitivamente o
secular quadro da seca no Nordeste.
Em 80 municípios do Rio Grande do Norte, segundo a Emparn, choveu
menos de 300 milímetros este ano. “Por causa disso, boa parte deles
serão beneficiados com os caminhões-pipa”, justificou o delegado do MDA.
Raimundo Costa lembrou dados do IBGE, segundo os quais das 476 mil
pessoas a serem atingidas com esses equipamentos, 76 mil são
agricultores familiares.
Depois de receber retroescavadeiras e motoniveladoras, municípios
potiguares voltaram a fazer parte da segunda etapa do Plano de
Aceleração do Crescimento. Desde 2012, o RN já recebeu 446 equipamentos,
entre eles 163 retroescavadeiras, 149 motoescavadeiras e agora os
caminhões-pipa.
O Comitê Integrado de Combate à Seca, criado em maio de 2012, ainda
coordena a entregas de cisternas, perfuração e equipagem de poços,
construção de barragens entre outras iniciativas.
Dentre as ações previstas ainda estão a assinatura do termo de
cooperação técnica com Associação dos Municípios do Seridó Oriental
(AMSO) e a Associação dos Municípios do Seridó (MAS) voltadas para 23
prefeituras da Região, 14 associadas à AMSO e nove à AMS. Cada cidade
receberá cinco 5 poços, num total de 115 e ação ainda segue em execução.
A governadora Rosalba Ciarlini, mais uma vez, mencionou
superficialmente as obras de construção da Barragem de Oiticica, cujo
início vem sendo adiado sistematicamente desde junho, mas que agora
deverá sair, atingindo diretamente 350 mil habitantes em 17 municípios
do estado.
Com capacidade para 560 milhões de metros cúbicos e abastecendo a
população dos municípios do Seridó, Vale do Açu e região Central do Rio
Grande do Norte, a barragem é um antigo sonho dessas populações há
décadas.
Sem qualquer tipo de monitoramento ou preocupação do Governo do
Estado em criar um painel evolutivo das obras no Estado como forma de
informar melhor a opinião pública, os recursos de emergência do
PAC-Seca financiam também a recuperação de 17 dessalinizadores na região
Seridó.
Pelo Programa Água Doce, do Governo Federal, estão sendo investidos
R$ 11 milhões, com contrapartida de R$ 1,1 milhão do Governo do Estado
para 68 comunidades de diversos municípios do Estado (inclusive região
Seridó), com a recuperação de dessalinizadores. Só não se sabe os
números parciais dessas obras.
Outras iniciativas foram os convênios assinados entre o Ministério da
Integração e o Governo do Estado, através da Semarh, com R$ 26 milhões
para obras de infraestrutura hídrica. Esta ação está dentro do “Água
para Todos”, programa do Governo Federal voltado para o semiárido
nordestino e um dos âncoras do plano de erradicação da miséria.
Pelos convênios, R$ 23 milhões seriam destinados à implantação de
sistemas simplificados de abastecimento d’água em comunidades e
aglomerados rurais e R$ 3 milhões para a construção de barreiros.
E, finalmente, foram retomadas as obras da adutora Parelhas/Carnaúba
dos Dantas, um investimento de R$ 10 milhões. Outra medida anunciada foi
a retomada da obra da adutora de Laginhas, em Caicó, que beneficiará
600 pessoas e terá investimento de R$ 730 mil. Também em Caicó foi
retomada a obra da adutora de Barra da Espingarda que beneficiará 400
pessoas e o investimento é de R$ 1,1 milhão do Orçamento Geral do
Estado.
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