Restando um ano e sete dias para as eleições de 2014, a governadora
Rosalba Ciarlini (DEM) ainda não decidiu se será candidata à reeleição.
Entretanto, com reprovação acima dos 80%, segundo a última pesquisa
Consult, a possibilidade de ela vir a disputar a reeleição é vista como
algo improvável – embora não impossível.
Neste sentido, os próprios políticos já emitem sinais, diretos e
indiretos, de que estariam “abandonando o barco” rosalbista. Sinal forte
neste sentido, recentemente, foi o rompimento do PMDB com o governo. Os
líderes peemedebistas Henrique e Garibaldi Alves já decidiram,
inclusive, que o partido terá candidato próprio nas eleições de 2014.
No último final de semana, foi a vez do líder nacional do DEM,
partido de Rosalba, José Agripino Maia, anunciar que não vê chances de a
governadora disputar a reeleição de 2014, uma ameaça ao projeto de
candidatura à reeleição da governadora. No entanto, Agripino colocou uma
condição para que Rosalba dispute a reeleição: ter o apoio do PMDB.
A informação foi veiculada pela coluna do jornalista Claudio
Humberto, que disse: “Presidente do DEM, o senador José Agripino não vê
chance de a governadora Rosalba Ciarlini disputar reeleição em 2014, a
não ser que ela consiga costurar ampla aliança, com apoio do PMDB”. Até o
final da manhã de hoje, a reportagem tentou falar com o senador José
Agripino, mas não conseguiu e nem o presidente do DEM havia desmentido a
nota do colunista.
DIFICULDADES
Devido à falta de apoio popular, escasseiam os apoios políticos ao
governo Rosalba. Nesse contexto, há forte preocupação quanto ao futuro
do DEM no RN. A ideia é que, não dando para salvar o mandato da
governadora, que o DEM busque resguardar ao menos os demais mandatos que
tem: hoje o DEM tem dois deputados federais e três estaduais.
Eleita por uma ampla aliança que incluía, além do DEM, o PMDB, o PR, o
PV, o PMN, o PSD, o PSL e outras legendas, Rosalba Ciarlini terminou
cedendo na sua base e vários partidos abandonam o barco. Primeiro foi o
vice-governador Robinson Faria (PSD), que deixou o governo ainda no
final do primeiro ano de gestão, em 2011. Em seguida, foi o PV,
presidido no estado pelo senador Paulo Davim, que também deixou o
governo, rompendo em 2012. Na sequencia, em julho passado, o PMDB, dos
líderes Garibaldi e Henrique, afastou-se do governo. Mais recentemente, o
PSL, do ex-diretor do PROCON Araken Farias, também deixou o barco
governista.
Apenas PMN e PR acompanham o DEM no apoio ao governo. Seria
improvável que o DEM apoiasse a candidatura à reeleição da governadora
com tão poucos apoios. Seria “suicídio político”, com a exterminação dos
mandatos legislativos.
Dúvida é se Rosalba teria legenda para disputar
No seio governista, discute-se, porém, a possibilidade de Rosalba
disputar a reeleição. O PR, do deputado federal João Maia, seduzido por
cargos e pela verba pública que eles representam, já teria mudado de
planos e decidido permanecer no governo após a saída do PMDB. O PMN do
deputado Ricardo Motta, que traz a tiracolo o PP, presidido no RN pelo
vereador Rafael Motta, seu filho, também permaneceria na base
governista. Na verdade, há quem aposte que esses partidos também
evacuarão o governo, bastando para tanto que a gestão continue ladeira
abaixo como está – segundo os levantamentos.
Por isso, permanece a dúvida: se, com o apoio desses partidos apenas,
o senador José Agripino, que detém o controle da máquina partidária do
DEM, “daria” a legenda para a governadora, correndo forte risco de
prejuízo político. É válido lembrar que a relação política entre
Agripino e a governadora Rosalba Ciarlini não é das mais amistosas desde
há algum tempo, quando ele cobrou uma postura oposicionista dela em
relação ao governo federal e Rosalba, pensando no seu governo estadual,
adotou o discurso “republicano” difundido pela presidente Dilma Rousseff
e seus correligionários no Estado.
Terminou entrando para história a desfeita de Rosalba a Agripino,
quando da negativa dela em participar da propaganda política do DEM
criticando o governo do PT. A governadora preferiu ficar fora,
desagradando ao democrata, tentando fazer a política de governadora
domesticada do Palácio do Planalto, de quem depende para obter recursos
federais. Nessa linha, Rosalba chegou a acenar, publicamente, com a
possibilidade de votar em Dilma na reeleição em 2014, “se Dilma for o
melhor para o Brasil”. A postura da governadora azedou a relação
política com José Agripino, que se afastou temporariamente da gestão.
Governo usa cargos do PMDB para formar “exército eleitoral”
Nos últimos dias, porém, com a saída do PMDB da gestão, o “núcleo
diretivo” do governo, comandado por Rosalba e Carlos Augusto Rosado,
aproveita os espaços abertos na administração com a saída de Henrique e
Garibaldi para acomodar os que pretendem “formar o exército” rosalbista
que irá para a “luta eleitoral” defender o nome de Rosalba nas eleições
do ano que vem.
Entre os contemplados com cargos e fartos espaços no governo,
constam, além do PR, que assumiu o controle da Secretaria de Trabalho,
Habitação e Assistência Social, e ainda a Emater, que administra o
disputado “Programa do Leite”, os deputados federais e estaduais do DEM e
o próprio presidente do DEM, senador José Agripino, a quem teria sido
oferecida a indicação do novo secretário de Agricultura, Pecuária e
Pesca, no lugar de Junior Teixeira, indicado por Henrique e que saiu da
pasta com o afastamento do PMDB.
Com a reocupação desses cargos – quase 500 -, Carlos Augusto espera
agradar a José Agripino, de modo a obter do líder democrata a legenda
para que Rosalba “vá para a guerra” mostrar o que fez de bom na sua
administração. Aliás, este – candidatar-se para mostrar o bom do seu
governo – já tem sido o discurso propalado pelos deputados do DEM, que
na semana passada na Assembleia Legislativa defenderam que Rosalba deve
ir para a campanha eleitoral porque “tem o que mostrar, e dizer que não
há corrupção no seu governo”.
Reeleição de deputados do DEM preocupa e aumenta dificuldades
Apesar disso, a preocupação quanto à reeleição dos deputados do DEM –
especialmente – Felipe Maia, filho do senador José Agripino e herdeiro
político da tradicional oligarquia Maia no Rio Grande do Norte, ainda
perdura, e poderá criar dificuldade para que Rosalba tenha o partido
para disputar a reeleição, conforme sugerido pelo colunista Claudio
Humberto.
Neste sentido, Agripino alimentaria a possibilidade de o DEM
formalizar uma aliança política com o PMDB para as eleições de 2014. Ele
não esperava que o PMDB fosse efetivamente romper com o governo do DEM.
Em verdade, o líder do DEM acreditava que Henrique contornasse o
problema gerado pelo deputado Walter Alves, que defendeu em entrevista
ao Jornal de Hoje o rompimento do PMDB com o governo Rosalba. Mas
Henrique não pôde ser contra o partido e acatou o afastamento.
Nos bastidores, todavia, é tido que o PMDB não rompeu com o DEM,
afastou-se apenas – e em parte – do governo, com quem manteria relações
administrativas pontuais, dado o interesse do presidente da Câmara dos
Deputados na execução de obras federais no Rio Grande do Norte. Henrique
teria deixado em aberto junto a José Agripino, a hipótese de o PMDB
aliar-se ao DEM na disputa proporcional – mandatos de deputados
estaduais e federais -, não fechando, em definitivo, as portas do PMDB
para composições com DEM para 2014.
O problema é que, aparentemente tendo percebido essa jogada, o
ministro da Previdência, Garibaldi Filho (PMDB), que já descartou por
várias vezes candidatar-se ao governo, assumiu a condução do processo
sucessório dentro do PMDB, com uma forte sinalização de apoio ao nome do
vice-governador Robinson Faria, presidente estadual do PSD e
pré-candidato a governador. Se a tese de Garibaldi prosperar, entrará em
confronto com a de Henrique.
Entre os analistas políticos, a janela a um entendimento com o DEM
poderia ser a “senha” para que Henrique venha a ser candidato das
oposições ao governo do Estado, contando com o apoio do DEM. Já se
Henrique for levado pela tese de Garibaldi, significará o “isolamento
político” do DEM e do senador José Agripino, Rosalba e o DEM.
Neste sentido, José Agripino estaria disposto a fazer qualquer
negócio para não ficar isolado. Desde apoiar uma candidatura de Wilma de
Faria, presidente do PSB, que acabou de romper com o PT em nível
nacional, a até mesmo disputar o cargo de governador do RN, já que uma
derrota não afetaria seu poder, haja vista que o seu mandato de senador
tem validade até 2018. Tudo para atrair apoios para fortalecer a chapa
do DEM, de modo que o partido não saia prejudicado nas eleições de 2014.
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