O grupo espanhol Telefônica fechou um acordo para aumentar sua fatia
na Telco, holding que controla a Telecom Italia, na Europa. A Telecom
Italia é dona da TIM Participações no Brasil. Já a Telefônica é dona da
Vivo.
Com isso, a dona da Vivo tornaria-se indiretamente a sócia
majoritária da TIM. As duas empresas são concorrentes diretas no país: a
Vivo possui 28,7% do mercado de telefonia celular no Brasil e a Tim,
27,2%.
Procurada pela reportagem do UOL, a TIM informou que não vai se
pronunciar sobre o assunto. A Telefonica Vivo informou, por meio de sua
assessoria de imprensa, que a Telefônica do Brasil não tem nenhuma
interferência nos negócios da TIM.
Uma possibilidade é que a Telecom Italia venda a TIM Participações no Brasil.
Segundo fontes ouvidas pela Bloomberg, a Telefonica pressiona pela
venda da TIM no médio prazo. O aumento da participação da Telefônica na
Telecom Italia, segundo o jornal Financial Times, “abre caminho para uma
potencial venda de suas operações no Brasil”.
Alguns analistas ouvidos pela agência de notícias Reuters também
acreditam que a Telefônica poderá pressionar a venda e desmembramento da
TIM, o que fortaleceria a sua posição no Brasil.
Negócio precisa ser aprovado pelo Cade e Anatel
O negócio deve ser avaliado por autoridades brasileiras, como o Cade
(Conselho Administrativo de Defesa Econômica) e a Anatel (Agência
Nacional de Telecomunicações). Pelas regras do setor de telecomunicações
no Brasil, um mesmo grupo não pode ter duas empresas que atuam em
telefonia celular numa mesma região.
Há o desafio de manter a qualidade dos serviços prestados no Brasil,
disse à agência de notícias Reuters uma fonte da Agência Nacional de
Telecomunicações (Anatel).
Em 2007, quando a Telefônica passou a integrar o consórcio Telco,
controlador da Telecom Italia, o negócio foi aprovado pela Anatel sob a
condição de que a Telefônica não interferisse no controle da TIM Brasil.
Agora, a Telefônica terá que convencer à Anatel que nada mudou, e que
continua não tendo influência sobre a TIM Brasil, segundo o presidente
da consultoria Teleco, Eduardo Tude.
Telecom Italia enfrenta dificuldades
A Telco detém 22,4% da Telecom Italia. O acordo foi fechado pela
Telefônica com os demais investidores na Telco: os bancos italianos
Mediobanca e Intesa Sanpaolo, e a seguradora Generali.
A Telefônica já era a maior acionista da Telco, com uma participação
de 46%, e deve passar a 66%, num primeiro momento, via um aumento de
capital de 324 milhões de euros direcionado a pagar dívida da empresa,
disseram os sócios da Telco em comunicado.
Em uma segunda fase, a Telefônica planeja elevar sua participação na
Telco para 70%, equivalente a quase 16% da Telecom Italia, por meio de
um segundo aumento de capital. Mais adiante, a empresa poderá comprar o
restante da participação de todos os sócios da Telco.
Os direitos de voto detidos pela Telefónica na Telco continuarão os
mesmos inicialmente e poderão ser ampliados para 64,9% a partir de
janeiro de 2014 se o acordo receber aprovações de autoridades em
mercados importantes como Brasil e Argentina.
Pelo acordo, as ações da Telecom Italia foram avaliadas em 1,09 euro,
quase o dobro do atual preço de mercado. Em 2007, os acionistas da
Telco pagaram 2,8 euros por cada ação. Os papéis da companhia valem
agora 0,59 euro.
Com o novo acordo, a Telefônica fortalece sua influência sobre uma
importante rival na América do Sul, e permite aos sócios italianos
saírem de um investimento não lucrativo, pondo fim a meses de
especulações sobre o futuro da companhia italiana.
A Telecom Italia enfrenta dificuldades para crescer devido à sua
dívida de 29 bilhões de euros e à profunda retração econômica do mercado
italiano.
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