Natal já foi conhecida como uma das capitais mais verdes do Brasil.
Entretanto, com o tempo esse ‘título’ foi ficando para trás. Criado em
2009, o projeto Adote o Verde, com base no decreto nº 8.699 de 14 de
abril daquele ano, propõe o incentivo à adoção de áreas verdes – como
canteiros e praças – que não fossem de Preservação Ambiental (APA), por
pessoas físicas ou jurídicas. O projeto passou um tempo esquecido, mas
agora, a intenção da Prefeitura do Natal é que ele retorne com força
total.
Desde o primeiro ano, mais de 100 processos de adoções foram
finalizados. O adotante deve prioritariamente fazer a manutenção do
local, colocando em prática o projeto de paisagismo proposto e, para
cooperar, a Prefeitura do Natal promove a limpeza aérea e terrestre. A
aérea se restringe à poda da árvore, trabalho que deve ser feito
exclusivamente pela Secretaria Municipal de Serviços Urbanos (Semsur),
enquanto a terrestre diz respeito ao lixo.
A procura pelo serviço teve uma diminuição desde a sua criação, em
2009. Naquele ano, 52 adoções foram feitas, caindo para 23 no ano
seguinte, sete em 2011, e nenhuma em 2012. Porém, antes mesmo do fim de
2013 a quantidade de procura já foi maior do que todos os anos
anteriores. Das 85 solicitações feitas, 65 processos já foram
concluídos. Mesmo que o projeto não preveja a isenção de impostos, a
procura se manteve acelerada.
Muito do aumento na procura se deve ao fato de que, neste ano,
representantes do projeto visitaram algumas entidades para apresentar do
que se tratava o projeto. “Saímos catando adotante”, disse a
coordenadora do Adote o Verde, Niene Alvares.
Dentro da proposta de adoção deve conter o projeto com informações
incluindo o tipo de árvore que será plantada no local. Caso o adotante
prefira, será disponibilizado um projeto feito pela própria prefeitura.
Um profissional vai até o local do ponto solicitado e promove uma
averiguação das necessidades e do estado do equipamento público.
Já com o canteiro sendo cuidado, o adotante tem o direito da
instalação de uma placa destacando quem é o responsável por aquele
ponto, inclusive uma empresa, se for o caso. Esta placa deve ter o
tamanho de 90cm x 50cm. Para Niene Alvares, o principal ponto de
interesse é a promoção da educação e preservação ambiental. “O objetivo
principal do projeto é a manutenção do verde”, completou.
O canteiro da avenida Rodrigues Alves com a rua Maxaranguape, no
Tirol, já tem um adotante. Lúcia Aragão cuida do espaço há quase dois
anos e boa parte deste período fez de forma ‘extraoficial’. Seu canteiro
já tinha sido adotado por outra pessoa, entretanto, este adotante
desistiu de manter o trabalho no local, deixando as plantas morrerem.
Neste mesmo período, a senhora passava por um processo de quimioterapia,
o que estava afetando a sua autoestima. Foi quando ela recebeu o
conselho do médico para fazer algo que lhe desse prazer. Assim, teve
início a relação com o canteiro. Movida pelo sentimento de cuidado, ela
passou a tomar conta do ponto. “A coisa que eu mais amo na terra –
tirando Deus – são as plantas”, disse.
Lúcia revela que o projeto foi desenvolvido por ela mesma, incluindo
os caminhos para as travessias de pedestres. Todo esse sentimento
reverberou em sua vida na forma de melhorias. “O cuidado que eu tive com
as flores, recebi em dobro delas”, revelou.
A adotante apenas lamenta a falta de apoio da Prefeitura em algumas
dificuldades encontradas. Lúcia diz que no canteiro cuidado por ela tem
vendedor de sanduíches que coloca cadeiras e suja o local. Ela diz que
já procurou a Semsur para falar sobre o caso, mas nada foi feito. “Todos
os dias quem rega sou eu. E não delego essa ação a ninguém. Eu mesmo
faço e tenho o maior fazer em fazer”, afirmou.
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