Já se vão seis dias desde que a grave nacional dos bancários foi
deflagrada. Os transtornos para a população começam a se acumular e já
atingem um nível que beira o insustentável. Enquanto isso, a Federação
Nacional dos Bancos (Fenaban) sequer apresentou proposta aos grevistas,
que ainda aguardam uma contraproposta – ou ao menos um posicionamento –
por parte do órgão patronal. Até o momento não há qualquer estimativa
para o término da paralisação.
A pauta de reivindicações da Confederação Nacional dos Trabalhadores
do Ramo Financeiro (Contraf/CUT), adotada pelos sindicatos dos bancários
em todo o País, exige reajuste salarial imediato de 22%, mais o
parcelamento da reposição integral das perdas, entre outras
solicitações. A Fenaban ofereceu inicialmente 6,1% de aumento, proposta
prontamente negada pelas entidades classistas, sob alegação de que esse
valor é inferior até mesmo à inflação do período.
A população, maior vítima dessa falta de acordo entre as partes,
sofre com inúmeros aborrecimentos para conseguir honrar os compromissos
em dia. Apesar de existirem canais alternativos, como correspondentes
bancários, internet banking ou casas lotéricas, muitas vezes o acesso a
esses meios é mal divulgado e o usuário nem ao menos fica sabendo como
proceder.
Segundo o aposentado Antônio de Pádua, a greve é legítima e
necessária, até para que o serviço dos bancos melhore, mas o sindicato
deveria zelar mais pela população, para que o movimento não cause o
efeito contrário e seja rejeitado pelas pessoas. “Sou completamente
favorável à paralisação, mas nós clientes não podemos ser penalizados
com tantas restrições. O rapaz do sindicato acabou de explicar que a
única agência do Banco do Brasil em toda a capital que está fazendo
depósitos é a do Natal Shopping, e, mesmo assim, apenas das 10h às 13h.
Ele disse que essa prática de suspender os depósitos partiu da direção
do banco – não do sindicato – e sugeriu que eu procurasse o
correspondente bancário para realizar as operações, mas não sabia
informar onde e como eu poderia encontrar um. Assim fica complicado”,
desabafa.
A presidente do Sindicato dos Bancários no Rio Grande do Norte, Marta
Turra, explica que a movimentação está sendo feita totalmente de acordo
com a lei de greve para o setor financeiro, que prevê a manutenção de
pelo menos 30% dos serviços bancários no período de paralisação. “Na
realidade estamos com mais de 40% de funcionamento; os serviços de
compensação, pagamentos e saque estão funcionando à plenitude. O que
temos observado são casos específicos, como o da agência do Banco do
Brasil na Ayrton Senna, que está agindo de maneira arbitrária, sem
seguir as indicações do sindicato. Recebemos informações de que eles
estão com o quadro de funcionários completo dentro da agência, mas sem
receber o público. Para mim, greve só tem duas opções, participa ou não.
Ficar fazendo isso é querer se aproveitar do movimento para ‘mostrar
serviço’ ao patrão, mesmo sem atender à população. O sindicato é
totalmente contrário a esse tipo de prática”, critica a sindicalista.
Procurada pela reportagem d´O Jornal de Hoje, a gerência da agência
do Banco do Brasil na avenida Ayrton Senna se limitou a negar as
afirmações do sindicato e informar que nos reportássemos à
superintendência da instituição. (CL)
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