Cerca de um mês após o PMDB oficializar o rompimento com o governo
Rosalba Ciarlini (DEM), o deputado estadual Nélter Queiroz, uma das
principais lideranças da legenda na região Seridó, assume postura
favorável ao impeachment da democrata. O peemedebista se posicionou pela
cassação da gestora durante a sessão plenária da Assembleia Legislativa
desta terça-feira (24), quando cobrou “providências” dos próprios
colegas da casa.
Para Nélter, a governadora deve ser afastada do cargo por não estar
atendendo as expectativas da população. O parlamentar defendeu, até
mesmo, que os demais representantes do PMDB no Legislativo estadual não
votem mais os projetos encaminhados pelo Executivo, enquanto não houver
negociação com os servidores públicos em greve, como é o caso dos
policiais civis.
“Esta casa tem que tomar as providências. O assunto que está nas
ruas, em todos os recantos do RN é péssima a gestão do governo Rosalba
Ciarlini. Não é de hoje que a situação da segurança, saúde, centrais do
cidadão, de todos os órgãos do Governo do Estado, da falta de
professores de várias escolas, em municípios do interior, está em pauta
em todas as rodas de conversa. Esta Casa vem recebendo comissões de
várias classes de servidores”, disse.
Com a defesa a favor da saída de Rosalba, Nélter passa a ser o
segundo deputado a defender o impeachment da governadora. Recentemente, o
deputado estadual Fernando Mineiro (PT) tomou a mesma atitude ao
denunciar o fato da democrata não investir os 25% do orçamento,
previstos em lei, na área da educação. Segundo o petista, a gestora
estava ainda alterando os dados, por incluir o pagamento de professores
aposentados e pensionistas nestes recursos. Mineiro formalizou a
denúncia ao Ministério Público Estadual, que já abriu inquérito civil
sobre o caso.
Na época, a secretaria estadual de Educação, Betânia Ramalho,
explicou que todos os governos no RN, até hoje, também utilizavam do
mesmo artifício para atingir os 25% previstos em lei. Mas, acrescentou, a
gestão atual já estava se preparando para retirar os aposentados e
pensionistas deste valor, cumprindo o determinado em lei.
“Carlos Augusto Rosado chamou os servidores do Itep de incompetentes”
Ainda durante seu pronunciamento, Nélter Queiroz falou sobre uma
reunião entre os servidores em greve do Itep e Polícia Civil com o chefe
do gabinete civil, Carlos Augusto Rosado, marido da governadora Rosalba
Ciarlini. Segundo o deputado, Carlos Augusto teria afirmado que dos 500
servidores do Itep, apenas 50 seriam qualificados.
“Essa é a palavra do governo do Estado, representado pelo chefe do
gabinete civil. Ele chamou os funcionários de incompetentes. Todos
tinham a esperança de negociação, a sensibilidade dos governantes. Mas o
Governo acirrou os ânimos, ao invés de ser sensível, humilhou os
servidores”, declarou o deputado.
Desde o início do movimento grevista, que já dura cerca de dois
meses, os policiais civis e servidores do Itep procuraram a
intermediação dos deputados estaduais, na tentativa de sensibilizar o
governo a favor da negociação. O próprio presidente da casa, Ricardo
Motta (PMN), se comprometeu a buscar um entendimento com o Executivo,
mas, até agora, pouco se avançou.
Ontem, em Brasília, a vice-presidente do Sindicato dos Policiais
Civis (Sinpol), Renata Pimenta, se reuniu com o presidente da Câmara,
Henrique Eduardo Alves (PMDB), e os deputados federais Fátima Bezerra
(PT) e João Maia (PR). O trio também se colocou à disposição para entrar
em contato com o governo e se comprometeu a produzir uma carta pública,
com a assinatura de toda a bancada potiguar, a favor dos servidores.
Os deputados Ezequiel Ferreira (PTB), Fábio Dantas (PCdoB), Gustavo
Fernandes (PMDB), Márcia Maia (PSB), George Soares (PR) e Hermano Morais
(PMDB) apartearam Nélter concordando com as críticas feitas ao Governo e
cobrando providências com relação aos grevistas. “As categorias
precisam ser escutadas pelo Governo que, lamentavelmente, trata com
desdém os servidores, não só os do Itep, mas que fazem nossa segurança.
Aliás, segurança que está combalida. Onde a gente chega, em qualquer
cidade, é reclamação sobre segurança. Parece que o nosso discurso não
está chegando ao governo do Estado.
Nossa intenção era estar aplaudindo
administração, mas infelizmente não é possível”, disse Ezequiel
Ferreira.
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