Começou na prática a retirada dos tanques de combustíveis da
Petrobras instalados numa área de 12 hectares no bairro de Santos Reis,
atendendo reivindicação antiga dos moradores. Uma empresa terceirizada
da companhia começou a desmontar a estrutura que compreende sete
tanques. O trabalho deve durar algumas semanas e antecede um longo
período de descontaminação do solo, que durará pelo menos mais 12 meses.
Esta manhã uns poucos operários cortavam placas dos tanques com
auxílio de maçaricos e um pequeno guindaste para descer as pesadas
peças. Não foi possível saber quanto tempo exatamente o trabalho vai
levar.
Há quase dois anos – no dia 24 de outubro de 2011 -, a Petrobras
anunciava oficialmente a retirada da área de tanques de Santos Reis.
Pouco mais de um ano depois, o último navio tanque chegou ao terminal
para desembarcar o derradeiro carregamento de combustíveis sem nenhum
aviso prévio. Soube-se da notícia por meio da tripulação.
Assim, a retirada da estrutura, cuja ausência deixou o porto de Natal
sem uma base de abastecimento de combustíveis, servirá para atender um
projeto que a Prefeitura de Natal elabora para ocupar os 12 hectares
disponíveis. Isso ainda dependerá de acertos futuros entre a Prefeitura
e as donas da área – a Marinha e a Aeronáutica, segundo o secretário da
Semurb, Marcelo Toscano.
Resolvido isso, a Secretarias de Urbanismo e Meio Ambiente, Turismo e
Desenvolvimento Econômico e Ação Social terão um ano para formatar o
novo uso da área. Segundo disse hoje o secretário Fernando Bezerril, de
Turismo, a ideia é ocupar metade do terreno com habitações populares e a
outra metade com projetos sociais de teatro, dança e oficinas.
“Agora
que estão retirando a estrutura de lá teremos que correr paralelamente
para preparar o dever de casa”, afirmou.
Dos sete tanques a serem removidos, apenas quatro eram utilizados até
o ano passado. Seu desaparecimento fará muito bem à população de Santos
Reis, obrigada a conviver com tanques de combustíveis altamente
inflamáveis, mas complicará para a Companhia Docas do RN, que perde um
equipamento fundamental à atividade portuária.
Na antiga estrutura eram armazenados oito milhões de litros de
gasolina e cinco milhões de litros de querosene de aviação (QAV), 25
milhões de litros de óleo diesel e 23 milhões de litros de álcool. Três
dos sete tanques já estavam desativados desde 2007, com o início da
ampliação da tancagem no Pólo Industrial de Guamaré.
No ano passado, a Petrobras investiu R$ 200 milhões na construção de
um quadro de boias na Refinaria Clara Camarão, em Guamaré, desviando
para lá os navios transportando combustíveis. Com isso, o Píer das
Dunas – terminal do porto utilizado pela companhia para receber os
navios tanque – ficou obsoleto.
Em 2011, quando foi anunciada oficialmente a retirada dos tanques, o
diretor regional de abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Chaves,
chegou a afirmar que a empresa construiria ali um parque e um museu do
petróleo.
Mas um ano depois, a equipe de transição do prefeito eleito, Carlos
Eduardo Alves, falou da existência de dois projetos para a área – que
são construção de habitações populares e oficinas para projetos sociais.
De certa maneira é uma saída para as comunidades do Maruim, do Vietnã
e de Brasília Teimosa, cuja remoção afeta diretamente os planos de
expansão da retroárea do Porto de Natal.
Quando foi prefeito em sua gestão anterior, Carlos Eduardo recebeu
pesquisas indicando que boa parte dos moradores do Maruim desejava sair
de lá para livrar os filhos da incomoda presença de traficantes. A única
exigência deles era continuar nas proximidades do porto.
Na área não destinada às moradias, a prefeitura acalenta a ideia de
criar uma área de lazer com parque, quadras poliesportivas, espaços de
convivência e academias da terceira idade. Este projeto teria por trás
recursos federais para suprir a pequeno poder de investimento do
município.
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