segunda-feira, 17 de dezembro de 2018

Funcionários de Flávio Bolsonaro repassaram até 99% dos salários



Uma análise na movimentação financeira de Fabrício José Carlos de Queiroz, ex-assessor do deputado estadual Flávio Bolsonaro na Assembleia Legislativa do Rio, mostra indícios de que pelo menos uma funcionária pode ter depositado em sua conta o equivalente a quase tudo que recebeu na Casa no período agora sob investigação. Foi esse o caso de Nathalia Melo de Queiroz, filha do ex-servidor que, no período investigado, repassou a ele R$ 97.641,20, hipotético crédito mensal médio de R$ 7.510,86.

A quantia equivale a 99% do pagamento líquido da Alerj a Nathalia em janeiro de 2016, segundo a folha salarial do Legislativo fluminense. Como não há dados sobre a movimentação financeira total de Nathalia, não é possível dizer com certeza que o dinheiro teve como origem exclusivamente os pagamentos da Alerj.

Os cálculos são por aproximação. Para fazê-los, o Estado usou o relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) da Operação Furna da Onça e consultou a folha salarial da Casa.

O órgão federal mostrou que no período investigado Nathalia transferiu os R$ 97.641,20 para a conta do assessor de Flávio. A cifra foi dividida pelos treze meses investigados para obter a média mensal, que foi comparada com três valores. Um foi o pagamento líquido recebido em janeiro de 2016 por Nathalia na Alerj: R$ 7.586,31. No confronto com o bruto, R$ 9.835,45, chegou-se a um repasse de 77,14%. Cotejada com a renda usada pelo Coaf, R$ 10.502,00, o porcentual foi de 72,23%.

A renda considerada pelo Coaf, possivelmente, incorpora valores que não constam da folha de janeiro da Alerj ou rendimentos obtidos por Nathalia de outras fontes. Todos as cifras, porém, mostram porcentuais altos de repasse.

Nathalia trabalhou na Alerj de setembro de 2007 a dezembro de 2016. Depois foi trabalhar como assessora no gabinete parlamentar do hoje presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), na Câmara dos Deputados. Foi exonerada em 15 de outubro, mesmo dia em que seu pai foi desligado do gabinete de Flávio. Oficialmente, o motivo foi a aposentadoria de Queiroz como PM. Reportagem publicada nesta sexta-feira, 14, pela Folha de S. Paulo mostrou que Nathalia, enquanto era funcionária, trabalhava como personal trainer no Rio.

O deputado tem se defendido, afirmando não ter cometido nenhuma irregularidade. O presidente eleito já disse que caberá a Queiroz explicar sua movimentação financeira – de mais de R$ 1,2 milhão no período.

OUTROS

Outra servidora que repassou a Queiroz grande parte do que recebeu foi Márcia Oliveira de Aguiar, mulher do ex-assessor. Os valores somam R$ 52.124,00 – uma média (total dividido por treze meses) de R$ 4.009,23. Isso não quer dizer que tenham sido feitos rigorosamente repasses mensais – o documento do Coaf não traz esse detalhe –, mas permite afirmar que Márcia repassou porcentuais que equivalem de 31% a 46% do que recebeu por mês no período.

Outra servidora, Luiza Souza Paes, fez transferências equivalentes a porcentuais que variam de 24,8% a 33,5% do salário no período. Sua renda, segundo o Coaf, era de R$ 3.479 mensais e a transferência média era de R$ 863,53. Já Jorge Luís de Souza, que tinha salário bruto de R$ 5.486,76, fez depósito mensal médio de R$ 1.573,46 – porcentuais respectivos de 7,69%, 28,67% e 32,46%.

O Estado mostrou que 57% dos depósitos feitos na conta de Fabrício Queiroz investigada pelo Coaf ocorreram no dia do pagamento dos salários na Alerj no período investigado, ou até três dias úteis depois.

Agência Estado

“OAB foi extremamente ausente nas crises do RN”, diz Aldo Medeiros



O presidente eleito da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) no RN, Aldo Medeiros, avaliou que a gestão encabeçada por Paulo Coutinho “foi extremamente ausente nas crises” sofridas pelo Estado nos últimos anos.

“Tivemos grandes demandas no estado e situações de crise. A OAB foi extremamente ausente dessas discussões. Por exemplo, a crise no Fundo Previdenciário do Estado, que foi praticamente exaurido; as modificações no sistema prisional após Alcaçuz… a OAB não contribuiu. Essas questões precisam ser revistas”,criticou em entrevista à 94FM.

O novo presidente da Ordem avaliou ainda que a gestão de Coutinho foi deficiente em termos de comunicação. “Ficou muito claro que não havia uma comunicação adequada entre a OAB, o advogado e o cidadão. No momento em que a OAB trabalha e não consegue dar acesso às pessoas, esse trabalho fica pelo caminho. Se a população não sabe o que está sendo realizado, para ela nem existiu”.

Em sua gestão, que se prolongará de 2019 a 2021, Aldo promete realizar mudanças para sanar essas deficiências. Dentre suas medidas, ele quer dar à OAB uma estrutura modernizada e facilitar a entrada dos jovens advogados.

“Os jovens advogados precisam de orientação e apoio material. Vamos tentar viabilizar um desconto de 75% no primeiro ano da anuidade do advogado.Hoje, ela é parcelada nos cinco primeiros anos; isso será mantido. Além disso, precisamos dotar a OAB de uma estrutura moderna e transparente, para que os cidadãos e advogados tenham acesso mais amplo do que acontece lá e possam contribuir”,explicou.

De acordo com Aldo Medeiros, a transição de sua gestão deve funcionar em uma sala na sede da OAB cedida pelo presidente. Reuniões com a vice-presidente Rossana Fonseca, o secretário-geral João Victor Hollanda, o tesoureiro AlexGurgel, e o presidente da OAB de Mossoró Canindé Maia, devem acelerar o processo de troca de comando. A previsão é que no dia 1º de janeiro haja apenas uma posse formal. A solenidade oficial ainda não tem data para acontecer.

Coronel alerta para quantidade insuficiente de efetivo na segurança do RN



Prestes a assumir a Secretaria de Estado da Segurança Pública e Defesa Social, o coronel Francisco Canindé Araújo Silva, analisa que as dificuldades enfrentadas pelo setor aumentaram e os maiores problemas estão na quantidade insuficiente de efetivo e na falta da estrutura adequada para trabalhar.

Em entrevista à 96 FM, Araújo Silva informou que a Polícia Civil trabalha com aproximadamente 30% do efetivo enquanto a Polícia Militar com 60% da quantidade prevista. “Temos que suprir essa necessidade de forma eficaz, empregar o efetivo de forma diferenciada. Pretendemos trabalhar em conjunto com o Observatório da Violência do Rio Grande do Norte (Obvio) para fazer um levantamento atual das áreas onde ocorre os maiores índices de criminalidade”, afirmou.

Questionado em relação a postura adotada para combater as ações de facções criminosas, o futuro auxiliar da governadora eleita Fátima Bezerra declarou que “a partir de 2019, iremos fazer ações integradas com os estados da Paraíba e do Ceará que fazem divisa com o RN para realizar ações concentradas aumentando a fiscalização nas fronteiras para diminuir a criminalidade”.

Segundo uma pesquisa divulgada pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, o Rio Grande do Norte passou a ser considerado o Estado mais violento do Brasil. Em 2017, foi registrada a taxa de 68 mortes violentas, após um crescimento de 19,4%, em 2016.