domingo, 9 de fevereiro de 2014

Presidenciáveis ‘acordam’ para poder das redes sociais nas campanhas

A oito meses das eleições para presidente, partidos e pré-candidatos correm contra o tempo para ampliar sua atuação nas redes sociais, de olho em uma legião de eleitores cada vez mais influenciada pelo que vê e lê na internet.
Oficialmente, a campanha eleitoral na rede só começa no dia 6 de julho, mas legendas e candidatos já buscam criar laços com o eleitor que possam render frutos nas urnas, cientes do potencial das mídias como plataforma de discussão – que veio à tona, de forma mais evidente, durante os protestos de junho do ano passado.
Segundo dados do Nielsen IBOPE de dezembro de 2013, há hoje 58,2 milhões de brasileiros com acesso à internet em casa ou no local de trabalho. Deste total, 45 milhões estão conectados às redes sociais.
Este número pode ser maior se for levado em conta que o número total de pessoas com acesso à internet – incluindo pessoas que usam dispositivos móveis ou acessam a rede por outras vias – é de 108 milhões. O Nielsen Ibope, no entanto, não divulga que proporção deste total acessa as mídias interativas.
Protestos
Os protestos que levaram milhões de pessoas às ruas no ano passado trouxeram à tona o poder crescente que estas ferramentas vêm exercendo na sociedade brasileira.
Articuladas em redes como o Facebook e o Twitter – o Brasil tem o segundo maior número de usuários no mundo em ambas as plataformas, só perdendo para os Estados Unidos -, as mobilizações pegaram o governo da presidente Dilma Rousseff de surpresa.
Pouco depois das eleições de 2010, Dilma abandonou o diálogo virtual com os cidadãos, revelando, na avaliação da consultora política Gil Castillo, a falta de sintonia entre a classe política e a sociedade.
“O ano de 2013 expôs de maneira contundente essa insatisfação. Cansado de se comunicar com os políticos só durante as campanhas, esse cidadão saiu às ruas para mostrar que sabia fazer mais do que só falar alto nas redes sociais”, afirma Castillo, diretora da Associação Brasileira de Consultores Políticos (ABCOP).
Ofensiva de Dilma
Depois de ver seu índice de popularidade despencar 27 pontos como resultado dos protestos, Dilma correu atrás do tempo perdido e vem incrementando sistematicamente a sua atuação nas mídias socias desde setembro do ano passado.
Reativou seus perfis no Twitter – onde angaria mais de 2 milhões de seguidores – e no Facebook, que passou a contar com postagens diárias. Abriu contas no Instagram e no Vine e lançou o Participatório e o Gabinete Digital. As duas últimas iniciativas servem de termômetro das discussões nas redes sociais e tentam aproximar a presidente dos internautas.
Na semana passada, a presidente nomeou Thomas Traumann para o comando da Secretaria de Comunicação Social, substituindo a ministra Helena Chagas. Ex-porta-voz da Presidência, Traumann vinha acompanhando de perto as ações de comunicação do Planalto nas mídias digitais e auxilia a presidente a formular seus tuítes.
A urgência do governo em querer entender e dialogar com a sociedade no universo virtual também se explica pela proximidade das eleições, em 5 de outubro.
Possíveis candidatos da oposição, como Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB), coligado ao movimento Rede Sustentabilidade, de Marina Silva, também investem nesse campo de ação.
A página de Eduardo Campos no Facebook, com mais de 288 mil seguidores, é citada como exemplo de interação entre político e eleitor. São raros os comentários postados por seguidores que ficam sem resposta da assessoria do socialista.
Já o mesmo não se observa nas páginas de Dilma Rousseff (a página administrada pelo PT tem 221 mil seguidores) e Aécio Neves (414 mil seguidores).
Mesmo com mais seguidores do que os adversários, o perfil de Aécio tem menos engajamento, que pode ser medido, entre outros indicadores, pelo número de usuários que estão “falando sobre ele”. Aécio também tem um perfil no Twitter, mas nunca tuitou.

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