domingo, 20 de julho de 2014

Classe C quer novas conquistas


Quando José Alexandro da Silva Souza, 35 anos, recebeu seu primeiro salário, em 2001, desejou voltar imediatamente para Afonso Bezerra, no interior do estado. Pelo trabalho de quase duas semanas como operário da antiga fábrica Sacoplast recebeu apenas R$ 20. Mas o rendimento de um mês inteiro não ia muito além disso: era de R$ 150, mais uma cesta básica. Hoje, ele relembra como foi difícil manter a casa com outros dois irmãos na capital. “Eu sobrevivia. Mas se voltasse para o interior não conseguiria o que consegui”, afirma.

Na última década, Alex trabalhou como operador de máquinas e administrador da Sacoplast, comprou um terreno e construiu duas casas, fez cursos técnicos, tentou o vestibular para matemática (só não entrou porque perdeu o horário para o terceiro dia de provas), fez um curso superior à distância e assumiu um emprego estável como instrutor de autoescola, onde recebe mais do que um salário mínimo – hoje de R$724. O que ainda não é o ideal, mas quase o suficiente. “Eu acho o seguinte: o salário é mínimo, dá para sobreviver. Mas hoje, se você organizar o dia a dia, dá para viver”, afirma. Ainda assim, ele não pretende ficar parado: quer fazer o curso de matemática e, posteriormente, abrir o próprio negócio.

Os avanços de Alex são praticamente os mesmos para os 621.900 potiguares que ingressaram, entre 2002 e 2012, na almejada “nova classe média” brasileira – a conhecida classe C – segundo o estudo Vozes, da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República, de 2013. No Brasil, o contingente é ainda maior: 54% da população de 119 milhões de habitantes do país pertencem à classe.

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