quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

“O MP não usaria a delação premiada se não houvesse um arsenal tão consistente”

A ação da Sinal Fechado já tinha elementos suficientes para conseguir a condenação de 28 réus. Contudo, a responsabilização do presidente da Assembleia Legislativa, Ezequiel Ferreira (PMDB), e do ex-secretário do governo Wilma de Faria, Delevan Gutemberg Melo, e o reforço de tudo que já havia sido apontado antes contra os demais responsabilizados pelo esquema da inspeção veicular no Rio Grande do Norte, só foram possíveis com a delação premiada assinada por George Olímpio. Foi isso que o procurador-geral de justiça, Rinaldo Reis, e o promotor Afonso de Ligório, que atuou na Defesa do Patrimônio Público, confirmaram pela manhã, em entrevista a’O Jornal de Hoje.
“Com relação aos que já estavam, aos que a denúncia já havia sido recebida, já havia elemento de prova suficiente até para a condenação. Mas a delação de George Olímpio foi importante até para reforçar. Por exemplo, trouxe a conversa com Delevan, que fortalece a denúncia contra Wilma e Lauro (Maia, filho da ex-governadora)”, explicou Rinaldo Reis, acrescentando que “para aqueles que ainda não tinham sido denunciados, como Ezequiel, foi essencial”.
Antes da delação de George Olimpio, o Ministério Público já tinha reunido documentos e depoimentos (também de delação premiada) de outros réus, como Alcides Barbosa, que confirmavam a linha da investigação. Contudo, quando George, que era considerado o principal mentor do esquema criminoso, aceitou falar “a verdade”, ele reforçou tudo que estava no processo e ainda entregou provas do que disse, que ajudaram a responsabilizar Ezequiel Ferreira, Delevan e, até, o senador José Agripino Maia, que deverá ser investigado pela Procuradoria-geral da República.
Os membros do Ministério Público ouvidos pelo JH também ressaltaram que a delação de George Olimpio ainda vem em um momento muito importante do processo, que foi quando o Habeas Corpus conseguido pela defesa do ex-governador Iberê Ferreira (falecido no ano passado), deixou de ter validade. “Dentro desse contexto, a delação, quando o delator se propõe a fornecer esses produtos de mídia, sacramenta a prova, arremata o processo. Foi extremamente valioso porque foi uma prova inquestionável. São contemporâneos dos fatos. O MP não faria a delação se não houvesse um arsenal probatório tão consistente quanto esse”, relembrou Afonso de Ligório.
Com o novo depoimento de George Olímpio e mais os áudios entregues por ele, a delação deu origem a um novo trabalho de apuração do Ministério Público, de responsabilização de novos envolvidos e reforço das teses apresentadas. “Tivemos que ouvir deputados, fazer perícia em documentos (como aquele que aponta a falsificação da assinatura de Robinson Faria), novas investigações. Houve incidentes judiciais que suspenderam, trancaram a ação. Houve uma série de diligências que tivemos que realizar, questões judiciais e só agora pudemos dar entrada ao processo”, relembrou Rinaldo Reis.

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