quinta-feira, 28 de abril de 2016

Garibaldi: “Falta de transição vai dificultar início do governo Michel Temer”

A situação atual do governo da presidente Dilma Rousseff (PT) é de uma “fragilidade muito grande”, afirma o senador Garibaldi Filho, do PMDB norte-rio-grandense. Ex-governador do Estado por dois mandatos, o peemedebista avalia que, diante da perda de apoio político no Senado, “não há por que o governo ter ilusões” de que reverterá o impeachment no Senado.
Em entrevista ao portal Agora RN, Garibaldi analisa que “a Esplanada dos Ministérios está muito vazia de detentores do poder” e que a falta de uma transição, conforme sinalizado por petistas, “vai dificultar os primeiros passos do governo de Michel Temer”. Garibaldi critica os protestos de movimentos sociais ligados à esquerda, como bloqueio de rodovias, e cobra retorno à normalidade democrática, com recuperação econômica.
Sobre o Rio Grande do Norte, avisa que está à disposição do governador Robinson Faria (PSD) para atuar institucionalmente como senador em favor do Estado. Mas, avisa que o início da gestão Temer não será de notícias alvissareiras para as unidades federativas. Ele também comentou o rompimento do PT com Robinson e avaliou a atual momento da gestão estadual.
Confira a íntegra da sua entrevista:
Agora RN – Como o senhor avalia a situação do governo do PT hoje?
Garibaldi Filho – A situação do atual governo hoje é de uma fragilidade muito grande porque sem a base política – a base política desmoronou a partir do resultado da votação do impeachment na Câmara dos Deputados, no Senado, onde se esperava que o governo tivesse ancoragem mais ampla, também seguiu que essa base desmoronou. Então sem a base política, o governo atual não tem perspectiva com relação à votação do impeachment, com relação à admissibilidade inteiramente anunciada e com relação ao resultado final. Não há por que o governo ter ilusões.
Agora RN – Administrativamente, o Brasil está paralisado.
GF – Administrativamente, há de se considerar que a Esplanada dos Ministérios está muito vazia de detentores do poder. Já havia uma centralização muito grande com relação ao primeiro governo e não resta dúvida que isso é uma constatação. E agora, com essa situação, o governo está se limitando a um grupo no Palácio do Planalto que vem orientando as ações. E, infelizmente, a gente vê isso com certa preocupação. Não vai ter transição. Não vai acontecer a transição. E isso vai dificultar os primeiros passos do governo de Michel Temer. Porque não resta dúvida que a transição é absolutamente necessária agora numa situação de conflito como essa.
Agora RN – Movimentos de esquerda estão realizando manifestações e prometendo o caos contra om impeachment de Dilma e de um eventual governo Michel Temer. Como o senhor analisa esse quadro?
GF – Vejo com preocupação essas manifestações porque o que se quer é que se cumpra aquilo que manda a Constituição e que essas manifestações não possam ter desdobramentos para que o país volte à normalidade. Se você perguntar hoje a qualquer brasileiro o que ele tem como aspiração maior, ele dirá isso: nós queremos que o Brasil volte à normalidade. Não estou me referindo à normalidade democrática, porque essa está prevalecendo através de decisões do próprio Congresso e, sobretudo, da Justiça brasileira, do Poder Judiciário. Quando falo em normalidade falo em termos econômicos e sociais.
Agora RN – Vários nomes estão aparecendo como ministeriáveis e alguns planos começam a se delinear. Que acha do desenho que está se formando em torno do governo Michel Temer
GF – O próprio Michel Temer, claro, está tendo muitos cuidados com relação a isso. Estão sendo divulgadas as primeiras informações, ao lado de especulações. Numa hora como essa é difícil distinguir, entre informações e especulações. Então eu diria a você que não estou habilitado a fazer essa distinção.
Agora RN – Quais devem ser as prioridades de Michel?
GF – A prioridade número um do governo é a economia. A economia tem que voltar a realmente funcionar porque ela voltando a funcionar vai ocorrer que na área social vamos ter um desafogo. O governo está muito preocupado com a área social no que toca principalmente aos mais pobres, para que programas não deixem de ter continuidade. Mas, quando eu falo em economia, falo no problema do desemprego, sobretudo, porque, pelo noticiário da TV e do rádio, das redes sociais, o que se tem hoje é um empresário preocupado em contratar pessoas, por hora extra, para fazer face à situação de suas empresas. Então está tudo muito atropelado no campo da economia.
Agora RN- Como deve ser a relação do governo Michel com o RN?
GF – Espero que seja uma relação institucional entre o governo do RN e o governo federal, a melhor possível. Mas, isso, que eu posso desejar, desejo a todos os estados, não tem por que admitir, iludir ou sonhar que o presidente… Michel terá no início um desafio muito grande no que toca aos estados. Eu vejo aqui uma entrevista com o economista Gustavo Franco, ex-presidente do Banco Central, que disse que Michel Temer deveria ajudar os estados e privatizar, reduzir a dívida pública. Essa sugestão não é isolada. Há consenso dos economistas, os maiores do país, sobre isso.
Agora RN – Que tipo de ação o senhor pretende ter, se dispõe a fazer uma espécie de ponte entre Michel e Robinson?
GF – Eu reafirmo aqui o que já disse com relação ao atual governo e a todos os governos. Depois que sou senador, institucionalmente, como senador, estou à disposição dos governadores, do executivo, para somarmos forças em função dos altos interesses do RN e do bem-estar do seu povo. Isso vem acontecendo. Todos os governos, sejam eles de correligionários com quem eu politicamente atuo ou qualquer outro governo, estou pronto para ajudar porque estarei ajudando o RN.
Agora RN – Que achou do rompimento do PT com Robinson?
GF – Eu creio já estava se registrando um desentendimento entre o atual governador e o PT. Isso se acentuou com a posição adotada pelo governador (de apoio ao impeachment).
Agora RN – Que acha da gestão Robinson?

GF – Acho que o governo Robinson está passando por uma fase de muitas dificuldades na medida em que as pastas principais do seu governo, educação, saúde e agora se fala também na transição da segurança – não tenho certeza quanto a isso, acredito que a secretaria poderá continuar. Só com essa fotografia e com essa constatação nós já vemos que o governo está diante de grandes dificuldades, num momento muito difícil.

Via: Agora RN

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