sábado, 2 de abril de 2016

Moro diz que morte de Celso Daniel pode ter ligação com esquema de corrupção


O juiz federal Sérgio Moro disse que o suposto esquema de corrupção investigado na 27ª fase da Operação Lava Jato pode ter ligação com a morte do ex-prefeito de Santo André (SP), Celso Daniel, em 2002. A conclusão consta da decisão na qual Moro justificou as prisões do empresário Ronan Maria Pinto, dono do jornal O Diário do Grande ABC, e do ex-secretário do PT Sílvio Pereira.
A suspeita foi levantada pelo juiz a partir das acusações do Ministério Público Federal (MPF) sobre o empresário Ronan Maria, condenado pelos crimes de extorsão e corrupção ativa por fraudes no sistema de transportes do município entre 2001 e 2002.  Na época, Celso Daniel, então prefeito, teria tomado conhecimento do suposto esquema antes de ser assassinado.
De acordo com os investigadores da Lava Jato, Ronan recebeu R$ 6 milhões, metade de um empréstimo entre o Banco Schain e o PT, firmado em 2004. A legalidade do empréstimo é investigada na Lava Jato, na ação penal em que o pecuarista José Carlos Bumlai é réu. Os procuradores da Lava Jato suspeitam que o valor foi pago mediante extorsão do partido por parte do empresário.
Para Moro, há provas de que Ronan Maria foi destinatário de parte do valor do empréstimo e de que o valor foi pago mediante extorsão de integrantes do PT. Como um dos indícios, o juiz cita um depoimento do publicitário Marcos Valério, tomado em 2012, no qual o empresário relatou ter ouvido que a “contratação da Schain pela Petrobrás faria parte de esquema fraudulento destinado à quitação de empréstimo a José Carlos Bumlai junto ao Banco Schahin”. Valério foi condenado na Ação Penal 470, o processo do mensalão,
“É ainda possível que este esquema criminoso tenha alguma relação com o homicídio, em janeiro de 2002, do então prefeito de Santo André, Celso Daniel, o que é ainda mais grave. Se confirmado o depoimento de Marcos Valério, de que os valores lhe foram destinados em extorsão de dirigentes do Partido dos Trabalhadores, a conduta é ainda mais grave, pois, além da ousadia na extorsão de, na época, autoridades da elevada administração pública, o fato contribuiu para a obstrução da Justiça e completa apuração dos crimes havidos no âmbito da Prefeitura de Santo André”, argumentou Moro.

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