segunda-feira, 3 de outubro de 2016

Lula e Dilma: uma espécie de tiro no pé na maioria dos candidatos petistas


Os resultados da eleição municipal dão razão aos candidatos do PT que esconderam a marca do partido, suas cores e os rostos dos ex-presidentes Lula e Dilma Rousseff. Marcados pela corrupção, com a Operação Lava Jato, e pela crise econômica, tanto Lula quanto Dilma não alavancaram candidaturas de petistas no país. Ao contrário: políticos que os tiveram em seus palanques não só não melhoraram seu desempenho, como terminaram derrotados.
Dilma foi um caso clássico. Recém-afastada do poder pelo impeachment, a ex-presidente fez campanha por apenas três candidatos: Raul Pont (PT), em Porto Alegre; Jandira Feghali (PCdoB), no Rio de Janeiro; e Alice Portugal (PCdoB), em Salvador. Com 16% dos votos válidos, Pont terminou em terceiro lugar e ficou de fora do segundo turno. Mas o pior ficou para as comunistas aliadas de Dilma. Alice teve apenas 14% e perdeu para ACM Neto, do DEM, reeleito com 74% dos votos. No Rio, em um comício em 22 de setembro, Dilma disse: “Eleger Jandira prefeita aqui no Rio é um ‘volta, Dilma’”. Jandira, que começou a campanha com 8% das intenções de voto, terminou com apenas 3%, em sétimo lugar.

O ex-presidente Lula não deu sorte também. Tornado réu por corrupção e lavagem de dinheiro como beneficiário do petrolão, Lula usou os palanques mais para se defender do que para ajudar os poucos candidatos que visitou. Seu único caso de potencial sucesso é Recife, onde fez campanha e o candidato petista João Paulo passou raspando para o segundo turno. Lula esteve no Ceará, mas não deu sorte. Em Fortaleza, no Ceará, Lula participou da campanha da deputada petista Luizianne Lins. De 17% das intenções de voto e do segundo lugar que ostentava no levantamento Datafolha, terminou em terceiro, com 15%, a metade do índice do segundo colocado. Em São Paulo, o prefeito, Fernando Haddad, criação de Lula, ficou em segundo, com apenas 16%, menos de um terço do alcançado pelo vencedor.
Por outro lado, os candidatos petistas que esconderam Dilma e Lula se deram bem. O ex-ministro Edinho Silva foi um deles. Edinho goza da confiança de Lula e foi ministro de Dilma e tesoureiro de sua campanha em 2014 – e, por causa dos pedidos de dinheiro a empreiteiras na ocasião, tem a espada da Lava Jato sobre sua cabeça. Mesmo assim, ele escondeu as cores e o símbolo do PT em sua propaganda; nem mencionou Lula e Dilma. Terminou eleito, até com certa tranquilidade.

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