quarta-feira, 9 de maio de 2018


O Rio Grande do Norte há muito tempo deixou de ser um estado a caminho de um desenvolvimento médio, desde que seus projetos desenvolvidos nos anos 70, basicamente foram esgotados na década de 80. De lá para cá, afora o Programa de Apoio ao Desenvolvimento Industrial (PROADI), criado em 1985 para socorrer a Guararapes e modificado por Garibaldi Filho em 1994, retirando-lhe a contrapartida em empregos, dada pelo programa original e o Programa do Leite, que salvou a pecuária do Seridó, o espaço econômico local passou a ser determinado pelos produtos primários, como o petróleo, e pela fruticultura.


Desde o final da Ditadura, as chefias do Executivo local ficaram nas mãos dos clãs locais, começando com Geraldo Melo, que governou de 1986 a 1990, um pequeno oligarca de Ceará-Mirim, que ora apoiava os Maia, ora se acomodava com os Alves; com Agripino Maia (1990-94), Garibaldi Alves Filho (1994-2002); uma egressa dos clãs, Wilma de Faria (2002-10); Rosalba Ciarlini Rosado (2010-14) e o próprio cuja carreira política se fez entre os clãs e que agora encerra um governo catastrófico. Sem nenhum tipo de projeto desenvolvimentista e inclusivo esses governos foram expectadores do dinamismo (ou não) da economia nacional, somadas com a absoluta falta de visão minimamente capitalista dos empresários locais, mais afeitos aos “carinhos” e “mimos” governamentais.

Com uma economia estagnada e subdesenvolvida e um baixo nível de cidadania, expressados por um baixo grau de níveis educacionais e por uma visão patrimonialista gerada pela própria necessidade de permanência das atividades governamentais em praticamente todos os setores da sociedade, chegamos a mais uma encruzilhada, agora numa situação calamitosa e com um cenário sombrio para os próximos anos, determinado pelo próprio cenário nacional.

E eis que temos a divulgação de uma pesquisa eleitoral, feita pela empresa Certus, encomendada pela FIERN, hoje um reduto conservador e atrasado, caudatário, até o momento, das pretensões do bisonho candidato a presidente, Flávio Rocha, uma espécie de senhor feudal moderno, e de simpatias pelo fascista Bolsonaro,  e que custou R$ 32.000,00. A divulgação da pesquisa, deu aos potiguares um cenário momentâneo para as eleições ao governo estadual.

A divulgação da pesquisa nos trouxe ao que somos. Dos 1.410 entrevistados, nada menos que 8,7% não sabem ler ou escrever e, somados aos que tem até o antigo primeiro grau, que foram 35,0%, nada menos que 43,7% dos entrevistados, quase a metade do universo amostral, tem baixo grau de escolaridade, uma amostra da situação em que está a Educação no RN. Mais expressivo, e igualmente esclarecedor, é que do universo utilizado como amostra da pesquisa, 74,9% ganham ATÉ três salários-mínimos (R$ 2.862,00), indicando uma sociedade com uma renda muito baixa.

No que se refere as eleições para governador, a pesquisa nos mostra um cenário muito favorável à senadora Fátima Bezerra, que obteve 25,6% das intenções de votos, deixando longe Carlos Eduardo Alves, que obteve 14,5% das intenções dos eleitores pesquisados. Geraldo Melo, surgido do nada, chegou a 7,7% talvez por atrair os setores mais conservadores, enquanto Robinson foi lembrado por 5,0% dos entrevistados.

O melhor desempenho de Carlos Eduardo foi na Grande Natal (23,4%), batendo Fátima Bezerra (17,1%), que compensa vencendo nas demais regiões, inclusive no Alto Oeste, reduto mais forte do clã dos Rosado, onde teve 36,4% das intenções de votos, contra mixurucas 5,2% dados a Carlos Eduardo, uma amostra de que os clãs Alves e Maia terão que negociar muito com os Rosado para fazem emplacar a candidatura de Carlos Eduardo.

Numa simulação para um provável segundo turno, a senadora bate todos os adversários: Carlos Eduardo (33,8% x 20,5%); Geraldo Melo (38,2% x 18,7%); Kelps Lima (41,0% x 12,8%); Robinson Faria (42,1% x 10,3%); Carlos Alberto (42,8% x 9,1%); e Fábio Dantas (43,1% x 8,1%), o Ícaro que hoje vagueia no mundo política sem rumo.

Afora a “surpresa” de ter um Geraldo Melo emergido como um “potencial candidato”, coisas que só são explicadas por algum Pai de Santo dos bons, ou por algumas mágicas produzidas nos institutos de pesquisa, a pesquisa revelou uma tendência, que o jogo político poderá, ou não, consolidar.

As eleições, num cenário perturbador e confuso, podem trazer muitas surpresas e como “o voto é como o vento, muda de direção a qualquer momento”, não se pode afirmar que a senadora Fátima Bezerra “já está eleita”, mas que a tendência é que se forme um consenso em torno de sua candidatura, colocando nas mãos do PT e dos seus prováveis aliados, uma situação calamitosa, que só poderá ser resolvida num largo prazo, mas com um(a) governador(a) que saiba agregar esforços para que o RN saia dessa situação vergonhosa em que se encontra.

Via Potiguar Notícias

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