sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Sindicatos levam solidariedade às greves e realizam passeata na tarde desta sexta-feira em Natal

Nessa quinta, 26, o Sindicato dos Policiais Civis (Sinpol) promoveu uma coletiva de imprensa, para apresentar o apoio dos demais sindicatos à sua greve e o repúdio à repressão do governo e às medidas judiciais que impedem os grevistas de se aproximarem das delegacias e do Centro Administrativo. Em greve há 49 dias, os policiais civis e servidores do Itep lotaram o auditório, para ouvir os representantes do Sindicato dos Bancários, que também estão em greve; do Sindsaúde; do SINTE-RN e da Associação de Subtenentes.
 
Os sindicatos alegam autoritarismo do governo e compararam as medidas judiciais, anunciadas pelo desembargador Claúdio Santos, como a reedição do AI-5, o Ato Institucional editado pelo regime militar em 1968, que acabou com todas as liberdades democráticas no país. “O que está acontecendo no Rio Grande do Norte é a volta da ditadura, um absurdo. A Constituição garante o direito de qualquer cidadão protestar e se movimentar em qualquer espaço público. O desembargador e a Justiça não têm poder para acabar com isso”, disse Djair José de Oliveira, presidente do Sinpol.

Marta Turra, do Sindicato dos Bancários, destacou a importância da unidade das categorias. “Estamos diante de algo criminoso, que não podemos aceitar. Nessa hora não existem bancários, policiais civis, servidores da saúde… Existem trabalhadores”, afirmou. Ela comunicou que o sindicato está colocando faixas de apoio em várias partes da cidade, inclusive na casa da governadora, e convocou todos para o ato unificado, nesta sexta-feira. “Vamos sacudir essa cidade”, convocou. A passeata terá início às 15h30, em frente ao Sinpol e seguirá até o Bradesco, onde será realizado um ato público. “O Bradesco é simbólico. Não só pela sua prática anti-sindical, mas porque foi um dos bancos que contribuíram para a ditadura militar em nosso país”, afirmou.

Em seguida, foi a vez de Rosália Fernandes, do Sindsaúde. “Vocês estão certos em comparar com o AI-5. Isso não é um ataque só a vocês, mas a todos os trabalhadores”, afirmou. A nota de solidariedade do Sindsaúde foi lida no início da coletiva, pelo presidente do Sinpol. Rosália afirmou que apresentará a nota na reunião nacional da CSP-Conlutas, que ocorre neste fim de semana, para que todos os sindicatos da central assinem e divulguem o que está ocorrendo no RN. Em seguida, Rosália divulgou que o Sindsaúde entrará com o pedido de impeachment da governadora Rosalba e convidou os sindicatos presentes a assinarem a petição. “Essa governadora não pode mais continuar à frente do nosso estado!”, afirmou, para aplausos dos grevistas. Rosália propôs ainda que todos usassem mordaças no ato de sexta-feira, para simbolizar a repressão da Justiça contra a greve e, ao final, cantou: “Policial é meu amigo, mexeu com ele, mexeu comigo”.

Fátima Cardoso, coordenadora do SINTE-RN, começou sua fala citando o trecho da nota do Sindsaúde, que chama a greve dos policiais civis de heróica. “É isso. Vocês estão a frente de um movimento heróico, de uma dimensão social que talvez não se perceba agora, mas que já está gravado na história. O que vocês estão fazendo vai ficar de lição para a juventude”, afirmou. “Vocês são um exemplo para todas as categorias. Esse Estado tem ânimo, tem capacidade, e vocês estão demonstrando isso. O AI-5 é forte, mas vocês são muito mais fortes”. Fátima convocou os sindicatos a realizarem atos simbólicos, de protesto, na próxima semana, e colocou o programa de TV do SINTE a disposição dos grevistas.

Eliabe Marques, da Associação de Subtenentes e Sargentos do RN, destacou a unidade dos trabalhadores da segurança. “Vocês podem ter certeza que a vontade dos policiais militares designados para acompanhar os protestos de vocês não era a de estar ali. Tenho visitado e conversado com os policiais e sentido a aflição de cada um”, afirmou. “Isso só acontece por causa do regime a que somos submetidos. Posso ser punido apenas por estar aqui”.

Ele denunciou duas iniciativas do Ministério Público, que atacam a organização dos policiais militares. A primeira recomenda que o governo do Estado monitore 24 horas as atividades dos líderes das associações dos policiais militares e bombeiros e os prenda em flagrante, em caso de preparação de protestos. O Ministério Público também preparou um dossiê, que foi anexado a um inquérito civil, demonstrando que as associações de militares têm cumprido o papel de sindicatos. “O que é cumprir papel de sindicato? Se o policial der um plantão e não recebe por isso, e a associação questionar, isso é descumprir a lei?”, questionou Eliabe.

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