quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Armado com pistola e granadas, agente penitenciário sofre surto e causa tensão em Lagoa Nova

A tensão permanente e o forte estresse da rotina de trabalho podem ter provocado um surto psicótico em um agente penitenciário que manteve a família trancada em casa na manhã de hoje, no bairro de Lagoa Nova. Transtornado e armado com uma pistola calibre 380, munições e cinco granadas, ele teria ameaçado os parentes, que, assustados, chamaram a Polícia Militar para conter o homem. Ele foi levado para o Hospital Psiquiátrico João Machado, no Tirol.

Identificado como Adalberto Avelino, o agente atua no sistema carcerário há 12 anos, mas atualmente está afastado há dois meses da Penitenciária Estadual de Alcaçuz, em Nísia Floresta, onde trabalhava, para tratamento psiquiátrico, segundo o diretor do Sindicato dos Agentes Penitenciários do Rio Grande do Norte (Sindasp/RN), Francisco Renilson.

“Esta é a segunda vez que ele precisa ser internado por doença emocional, causada pela tensão e estresse da profissão, que é muito desgastante e perigosa. Infelizmente, não é só ele. Temos outros dez colegas que também estão afastados pelo mesmo motivo e o pior é que o Estado não oferece nenhum tipo de assistência médica para a categoria, que é uma das mais perigosas”, explicou Francisco.

Segundo o capitão do Comando de Policiamento Metropolitano, Jurandir Andrade, o agente estava armado e, por isso, poderia oferecer algum tipo de risco para seus familiares e pessoas que estavam do lado de fora da residência. Por isso, um grande número de policiais militares foi deslocado até o local, para negociar a liberação das pessoas que estavam dentro do imóvel.

“A nossa preocupação foi maior porque recebemos informações de que ele estaria armado, com várias munições e também com granadas, o que poderia colocar um número de vidas ainda maior em risco. Felizmente, conseguimos convencê-lo a se entregar sem fazer nenhuma ação que pudesse complicar a sua situação”, explicou o capitão Andrade.

O oficial disse ainda que Adalberto foi encaminhado para o hospital psiquiátrico e que os policiais continuaram fazendo a vistoria na residência onde o agente reside com  a família, na Avenida São José, próximo ao cruzamento com a Bernardo Vieira, em Lagoa Seca.

O diretor do Sindasp/RN, Francisco Renilson, explicou que a arma de fogo e as munições encontradas com o agente penitenciário fazem parte da rotina de trabalho da categoria. O material, além de uma pequena quantidade de cocaína, foi enviado para a 5ª Delegacia de Polícia Civil de Natal, para perícia. Já as granadas foram entregues ao sistema penitenciário, segundo informou um policial militar.

Sogra nega que agente tenha feito família refém
Ao contrário das primeiras informações veiculadas sobre o tema, a sogra do agente penitenciário, Rosa Damasceno, disse que Adalberto Avelino não agiu de forma agressiva com os familiares e que só chamou a polícia porque ficou com medo dele se ferir durante o surto psicótico. Ela falou ainda que chamou os amigos do genro que atuam no Sindasp/RN, para fazer com que ele aceitasse ser levado para o hospital.
“Ele é uma pessoa boa, tranquila, mas infelizmente teve um surto esta manhã e tivemos que chamar ajuda para convencê-lo a procurar auxílio médico. Ele está afastado do serviço há dois meses e isso também está afetando a sua vida, porque, apesar do estresse, ele é trabalhador. Ele não ameaçou ninguém”, disse Rosa.

Sindasp-RN esclarece ocorrência envolvendo agente penitenciário
O surto psiquiátrico sofrido pelo agente penitenciário Adalberto Luiz Avelino, na manhã desta quarta-feira (16), não é novidade para a classe que diariamente trabalha nas unidades prisionais brasileiras. A presidente do Sindicato dos Agentes Penitenciários do Rio Grande do Norte afirma que os casos de problemas mentais são constantes, tendo em vista que essa profissão é considerada uma das mais estressantes do mundo.
 
“Os casos de surtos são mais comuns do que se pensa e fazem parte da rotina. Devido ao alto grau de risco da profissão, muitas vezes agentes desenvolvem problemas psíquicos, como sentimento de perseguição ou alucinações. O próprio agente Adalberto já havia sofrido com isso e, há uma semana, tinha piorado”, comenta Vilma Batista.
 
Ainda de acordo com ela, o sistema penal de todo o Brasil põe em risco a vida dos agentes, bem como compromete a saúde, sem nem mesmo oferecer nenhum um tipo de assistência. “Não existe políticas públicas para acompanhamento, como forma de amenizar a situação. O resultado, infelizmente, é esse que vimos”, completa.
 
Na manhã desta quarta-feira, durante o surto do agente Adalberto, o assessor jurídico do Sindasp-RN, advogado Paulo César Ferreira, chegou a ir até a casa onde ele estava, no cruzamento da rua São José com avenida Bernardo Vieira, e intermediou que ele se entregasse.
 
“Como se trata de um problema de saúde, o agente foi encaminhado para o Hospital João Machado, onde deverá ser submetido a tratamento. Em relação à arma que ele estava, nós podemos assegurar que ela tinha registro e estava tudo legalizado”, destacou o advogado Paulo César.

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