Eraldo Paiva foi reeleito. Alias, Olavo Ataíde foi quem ganhou. Não,
não, foi mesmo Eraldo, mas, é melhor ter cautela, porque Olavo ainda
pode vencer… O resultado do processo de eleição direta (PED) para o
Diretório Estadual do Partido dos Trabalhadores no RN ainda segue
indefinido e, agora, o racha interno da sigla ganha um novo debate: o
crescimento ou não do PT no Estado. Isso porque, segundo a deputada
federal Fátima Bezerra, apoiadora de Olavo Ataíde, o Partido “parou no
tempo”e precisa recuperar o espaço perdido. A declaração é uma crítica
direta a administração do atual presidente, Eraldo Paiva, apoiado pelo
deputado estadual Fernando Mineiro e pelo vereador Fernando Lucena.
“O PT cresceu sim. E muito. Fátima precisa olhar mais para o PT e não
para os aliados, para ver que o PT cresceu. Ela precisa voltar ao
partido, pensar um pouco mais no PT”, afirmou Lucena na manhã de hoje,
acrescentando que, “se o PT não cresceu na última década, foi justamente
pela política de alianças que Fátima defende, que fez o PT encolher,
que transformaram o partido numa bengala dos demais partidos, numa
sublegenda”.
A declaração é uma resposta ao que afirmou Fátima na noite desta
segunda-feira, em entrevista ao Jornal das Seis, da 96 FM. “O grupo que
aí está à frente do PT tem a hegemonia ao longo desses 12 anos e,
infelizmente, o resultado do PT no Rio Grande do Norte do ponto de vista
de crescimento não é aquilo que a gente deseja”, criticou Fátima.
Para fundamentar o que disse, Fátima voltou a 2002, quando o partido
elegeu dois deputados estaduais e, pela primeira vez, um parlamentar
federal – a própria Fátima. “O problema é que, de lá para cá, o PT,
infelizmente, parou. E não pode continuar resumido a ter uma cadeira na
Assembleia e uma cadeira na Câmara Federal”, criticou.
Vale lembrar que, em 2004, Fátima foi candidata a Prefeitura de Natal
– disputando o cargo pela terceira vez. Perdeu mais uma e, hoje,
reclama da falta de apoio na época, assim como Fernando Mineiro,
candidato a prefeito pelo partido no ano passado, também reclamou.
“Evidente que faltou um empenho maior da direção nacional e eu me
solidarizo com isso porque eu passei pela mesma situação em 2004, mas eu
não fui dizer para vocês da imprensa. Em 2004, eu fui candidata à
prefeita de Natal e a direção do PT me abandonou. Totalmente”,
relembrou.
Em 2008, Fátima voltou para a disputa pela Prefeitura de Natal, com
um “acordão” político, em que ela foi apoiada por lideranças estaduais
como Wilma de Faria (PSB) e Garibaldi Alves Filho (PMDB), classificados
pelos próprios petistas como caciques políticos. Perdeu e o PT não
conseguiu eleger um só vereador em Natal.
“O PT não conseguiu crescer apoiando ela nas eleições majoritárias
com essas alianças. Ficamos sem prefeito e sem vereador. No ano passado,
o PT lançou Mineiro (sem alianças) e conseguiu 65 mil votos. Ficou a
meio ponto percentual de ir para o segundo turno e conseguimos duas
vagas na Câmara. Como é que isso não é crescimento?” questionou Fernando
Lucena.
Além disso, segundo o vereador, essa política de aliança de Fátima
também causou a falta de identificação da própria deputada com a sigla.
Tanto que ela não conseguiu transferir os recordes de votos que obteve
quando foi eleita e reeleita para a Câmara Federal, em Brasília. “Por
que ela não conseguiu transferir os 200 mil votos que teve para deputada
federal? Tem alguma coisa errada nisso aí. Se ela tivesse conseguido,
teríamos conseguido fazer quatro deputados estaduais, mas só fizemos
Mineiro”, reclamou Lucena.
O fato é que, para Fátima Bezerra, realmente, o partido não cresceu.
“O PT no Rio Grande do Norte não tem ocupado o lugar que eu acho que
pode ocupar no ponto de vista do protagonismo político”, acrescentou
Fátima Bezerra, ressaltando que a sigla precisa “repensar o lugar dela
no movimento sindical e a relação do PT com a sociedade e os demais
partidos”.
O PT, inclusive, teria perdido espaço com o crescimento de siglas
como o PSOL e o PSTU que, com os perfis mais de “esquerda”, estavam
roubando eleitores do Partido dos Trabalhadores. “O PT tem passado por
dificuldade”, assumiu Fátima quando questionada sobre isso.
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