quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

Caixa Econômica Federal nega crédito a construtoras após atrasos no Minha Casa, Minha Vida


Em 2007, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva avisou: “Esse País vai virar um canteiro de obras”. A estratégia, que funcionou durante anos, era gerar um ciclo econômico pujante – com o foco na infraestrutura, com a construção civil gerando empregos, renda, investimentos, qualificação e lucro. Meses depois, Lula anunciou o programa federal de habitação com foco na redução do déficit habitacional, o Minha Casa, Minha Vida. Estava dada a largada para um momento único na economia brasileira, com recordes de contratação de obras, geração de empregos formais, vendas de imóveis, qualificação de mão de obra.
Hoje a realidade é outra. O programa sofre com a falta de planejamento da União e o atraso do pagamento das obras feitas por pequenas construtoras, que sem capital de giro e pouco fôlego, demitem funcionários e já começam a pensar em falência. Uma saída seria ir aos bancos públicos e pedir financiamentos, mas não é possível.
“Os bancos públicos, especialmente a Caixa Econômica Federal, não dão crédito para quem faz o Faixa 1 [projetos com cerca de 90% de subsídio do governo federal] porque não há como o pequeno dar garantia, pois está endividado. E poucos [pequenos empresários] teriam coragem de dar um bem em troca nesse caso, de falta de pagamento do governo. Não sabemos até quando o programa vai ficar sem liberar o dinheiro das obras já feitas, ou das fases avançadas. Está tudo encadeado: falta de pagamento, desemprego, endividamento, redução de crédito”, alerta Cezario Siqueira Gonçalves Neto, presidente do Sinduscon-MT.
O presidente do Sinduscon-CE, André Monteiro, e o vice-presidente do Sinduscon-SP Ronaldo Cury afirmam que as empresas em seus respectivos Estados têm ido à Caixa em busca de crédito, mas também não conseguem.
Em Mato Grosso, segundo o sindicato, há R$ 33 milhões em atraso. O Minha Casa, Minha Vida teve 10 mil unidades contratadas na Faixa 1 em 2014, ante 12 mil em 2012 e 2013. “Todos os canteiros estão com o ritmo das obras reduzido, a situação mais complicada está na capital, Cuiabá, e em Barra do Garça. Nesses locais, as obras estão praticamente paralisadas desde 16 de dezembro”, informa Cezario Neto.

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