segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Estrangeiros e brasileiros formados no exterior começam a atuar nas unidades de Saúde de Natal

Seis unidades de saúde de Natal, que tinham déficit de profissionais médicos, receberam um reforço na manhã desta segunda-feira (30). Os sete médicos estrangeiros e brasileiros com formação no exterior, oriundos do Programa Mais Médicos, do Governo Federal, iniciaram hoje o primeiro dia de trabalho. Cada um deles irá trabalhar, exclusivamente, em unidades de Saúde, e deverá atender 32 pacientes por dia, de segunda a sexta-feira. Os médicos foram encaminhados para as unidades de saúde de Pompéia, Vale Dourado e José Sarney, que recebeu dois profissionais, todos na zona Norte de Natal.

Na zona Oeste, as unidades contempladas foram a Unidade Básica das Quintas, a de Monte Líbano e a Unidade Mista de Felipe Camarão.

A diretora da Unidade das Quintas, Márcia Regina de Medeiros, conta que devido o déficit de profissionais havia uma demanda reprimida de pacientes de clínico geral e a chegada do novo médico vai possibilitar o atendimento dessa demanda, além de reativar os grupos de hipertensão e diabetes. A diretora informa que no bairro das Quintas há uma média de 1,5 mil pacientes hipertensos, que ficavam dispersos, sem acompanhamento. “Tudo que vem para somar é bem vindo para a unidade. Agora teremos condições de acompanhar melhor os pacientes”, afirmou a diretora.

Nesta unidade, pouco antes das dez horas da manhã, o médico Alecildes Arruda, já havia atendido os primeiros dez pacientes. Alecides é pernambucano, mas formou-se em Medicina pela Universidade de Extremadura, na Espanha. Foram seis anos na graduação de Medicina e mais quatro anos de especialização em medicina da família, com experiência em várias especialidades, como cardiologia, pneumonologia, ginecologia, pediatria, dentre outros. Alecides tem dez anos de experiência profissional na Espanha e já atuou além de medicina da família, em urgência hospitalar e medicina do trabalho. Ele conta que deixou residência e trabalho fixo na Espanha, e veio com a esposa, que também é médica e está atuando na Unidade Básica de Monte Líbano, com o objetivo de fazer o bem.

“Meu coração é brasileiro. Deixei tudo na Espanha, pois encontrei a oportunidade de ajudar o próximo e praticar a boa medicina e fazer o bem. É bem verdade que lá é muito bem estruturado, e mesmo não sendo bom fazer comparações, há um abismo de diferença com o Brasil. Eu tratarei de fazer o melhor que eu posso por essas pessoas. É verdade que os recursos são poucos, mas não vou me limitar aos poucos recursos. Com recursos ou sem recursos vamos fazer a boa medicina”, ressaltou o médico Alecildes Arruda.
Em relação à expectativa de trabalhar em uma Unidade Básica de Saúde no Brasil, Alecildes já sabe o que lhe espera. “Muito trabalho. Tem muita coisa para fazer porque o sistema necessita. Estou aqui para fazer minha parte e atender a uma população carente que está desejando ter um médico. Tem situações que me emocionam, pois hoje já recebi pacientes que estavam há muito tempo sem vir ao médico. Os pacientes ou perderam a esperança ou estão sem estímulo. E eles precisam novamente se sentir acolhido, sentir que alguém cuida dele, pois a primeira medicina era muito paternalista, e eu vou seguir um pouco isso, de modo que o paciente seja bem acolhido e entendido”, afirmou o médico.

Alecildes já avisou que sua consulta não é rápida, pois ele gosta de conversar e entender a situação de cada paciente. “Cada paciente é uma história e gosto muito de escrever toda a história do paciente no prontuário e ao ter essa história escrita posso fazer um melhor controle e uma orientação de segmento. Com isso, o paciente vai ter uma confiança comigo e eu vou ser amigo dele. Vamos ter melhores laços e elos com os pacientes. Sempre digo aos meus pacientes que sejam bons pacientes, que eu serei bom médico. A recepção foi muito boa, pois a população é muito amável”, disse.

No primeiro dia de trabalho, Alecildes Arruda já pediu a direção do hospital um aparelho de eletrocardiograma para atender os pacientes hipertensos, principalmente. Ele explica a necessidade do exame, mesmo na atenção básica. “Não posso encaminhar um paciente para cada especialidade todos os dias. Eu tenho que ser mais resolutivo e resolver mais. Preciso de um eletrocardiograma, pois como sou médico da família, passei por várias especialidades, sabendo até onde temos que tratar e quando não tratar, pois é muito importante, já que não pode se tratar o que não sabe. Não precisamos colocar na mão do especialista tudo, pois muita coisa pode ser tratada na atenção básica. Nem tudo precisa ir para a urgência ou para o especialista. Se tivermos um pouco mais de meios conseguiremos dar uma melhor resolutividade na atenção básica”, afirmou.

Alecildes Arruda destacou a importância da prevenção e educação na Atenção Básica. “Não é só caneta, temos que fazer a prevenção. O médico tem que dizer coma menos, faça exercício, reduza o sal, para que eles se ajudem, pois se não fizermos isso estaremos gastando recursos e não resolveremos o problema. Temos que resolver o problema, não é preciso apenas clinicar. É necessário parar e ver onde está falhando, pois o mal se corta pela raiz”, destacou o médico.

Monte Líbano
No bairro do Bom Pastor, também na zona Oeste de Natal, é o local de trabalho da esposa de Alecildes Arruda. A médica Andréia Leite, cearense que também se formou na Espanha, começou hoje a atender os pacientes na Unidade Básica de Saúde de Monte Líbano. A unidade é responsável por atender cerca de oito mil pessoas.

A diretora da unidade, Socorro Torres, conta que há cerca de um mês a unidade estava sem nenhum dos três médicos clínicos geral, pois uma pediu desligamento do Provab. Andréia Leite ocupou esta vaga.

“Estamos com o déficit de profissionais e os outros médicos que estavam suprindo o déficit, mas como foi por pouco tempo não teve muito impacto no atendimento. A nossa expectativa é que agora, com as três equipes completas, possamos atender 100% a população”, afirmou. A diretora conta que durantes as duas semanas a médica Andréia Leite atenderá pacientes com demanda aberta, até normalizar o atendimento. A unidade conta também com um déficit de seis agentes comunitários de saúde.

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