segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Fernando Mineiro derrota Fátima Bezerra no PT e implode o “acordão”

O Processo de Eleição Direta do Partido dos Trabalhadores (PT), que ocorreu neste domingo, resultou na vitória da corrente partidária liderada pelo deputado estadual Fernando Mineiro (PT) e pelos vereadores Fernando Lucena (PT) e Hugo Manso (PT), tendo como principal derrotada a deputada federal Fátima Bezerra (PT). A corrente vencedora levou a melhor em Natal, com a vitória de Juliano Siqueira (PT), e vencia em nível de Estado o pleito até o fechamento desta edição, com o atual presidente estadual do PT, Eraldo Paiva, derrotando o candidato da deputada Fátima, Olavo Ataíde, com placar de 1.701 contra 1.515. Ainda restavam ser apuradas cerca de 20% dos votos.

Além de vencer no Estado e na capital, a corrente petista liderada pelo deputado Mineiro e pelos vereadores Hugo e Lucena também derrotou a ala encabeçada por Fátima no segundo maior colégio eleitoral, Mossoró, e também em Caicó. Na capital do Oeste, a eleição foi muito apertada e, por uma diferença de quatro votos, Gilberto Diógenes derrotou a professora Ady Canário. Em Caicó, venceu Gilberto, que foi vice-prefeito na gestão do ex-prefeito Bibi Costa.

O grupo liderado por Mineiro também venceu nos quatros zonais de Natal, derrotando as chapas apresentadas pela deputada Fátima, sendo na Zona Norte (Nilcley), Zona Leste (Chiquinho), Zona Oeste (Ceiça) e Zona Sul (Emerson). O presidente eleito do diretório do PT em Natal, Juliano Siqueira, define o espírito da eleição petista, afirmando que o resultado do PED em Natal e no Rio Grande do Norte refletiu a derrota da proposta de acordo do PT com as oligarquias tradicionais do Estado, defendida pela deputada Fátima, a maior derrotada nas urnas internas do PT. “As chapas que ela defendeu foram eleitoralmente esmagadas. Ela não elegeu sequer os zonais. Tivemos 70% dos votos”, confirma Siqueira.

Para o vereador Hugo Manso, o resultado do processo eleitoral interno do PT mostra que o partido tem dinâmica e vida própria e que as diferenças e as disputas dos dirigentes são compartilhadas pelos filiados. “Não diria que haja derrotados. Trata-se da escolha que a maioria fez. A direção será composta de forma proporcional”, disse, se referindo aos 47 cargos do diretório estadual. Destes, 17 são da comitiva executiva da legenda. Sobre a influência das eleições internas na posição do PT em 2014, Manso afirma que o debate interno do PT é muito mais amplo que a sucessão estadual. “Trata-se de como o partido deva funcionar. O debate acontece independente desse resultado. Nós não votamos se vamos ter candidato próprio. Nada disso estava na eleição”, declarou.

O presidente do diretório estadual, Eraldo Paiva, levava vantagem sobre Olavo Ataíde até o fechamento desta edição. “Foi um processo onde a militância participou como um todo. O PED é um processo riquíssimo para a construção do PT. Somos escolhidos pela militância”, disse Eraldo Paiva.  Sobre os rumos do partido em 2014, ele acrescentou que o PT vai trabalhar coletivamente. “Nós vamos trabalhar coletivamente. Então, o resultado desta eleição coloca o desafio de conduzir os rumos que a militância do PT quer”, declarou.

O deputado Mineiro e a deputada Fátima não foram localizados pela reportagem. Em termos de 2014, Mineiro defendia a candidatura própria do PT a governador, mas teve de retirar a proposta por influência do diretório nacional. A medida atendeu apelo do presidente Rui Falcão, tendo em vista acordo político entre PT e PMDB com vistas à sucessão estadual. Por este acordo, o PMDB apresentará candidato a governador e o PT, a senador. O nome do PMDB até agora é o do ex-ministro da Integração Fernando Bezerra. No PT a candidata ao Senado é a deputada Fátima.

“Acordão de 2008 foi um desastre para o PT. O acordão está superado”

O acordão de 2008, que resultou na candidatura da deputada federal Fátima Bezerra à Prefeitura de Natal, com a derrota dela no primeiro turno para a, então, deputada estadual Micarla de Sousa (PV), ainda é um capítulo dramático na história do PT. É nesse sentido que o partido “foge” literalmente de qualquer trama política que se aproxime de acordo de poderosos questionáveis pela opinião pública.

“Nós ainda estamos trabalhando na linha do acordão. O acordão de 2008 resultou num desastre. O partido tinha uma bancada de três vereadores e não elegeu nenhum. Perdemos a bancada e a candidata do acordão, Fátima Bezerra, foi derrotada no primeiro turno por uma figura com a expressão de Micarla de Sousa. Nem segundo turno houve.

Depois do desastre, estamos tentado reconstruir. Tanto que as chapas que Fátima defendeu foram eleitoralmente esmagadas ontem. Ela não elegeu sequer os zonais. Tivemos 70% dos votos”, observou Juliano Siqueira, associando a derrotada de Fátima à recusa da maioria do PT à proposta de acordão.

“Quer decidir política nos gabinetes refrigerados, no conchavo? O acordão está superado. O brasileiro não aceita mais. Esse tipo de política está tendo muitas derrotada no movimento popular. As multidões estão reclamando, excluindo os partidos políticos, inclusive o PT. A culpa é nossa. Temos que recuperar o PT histórico, que foi construído para trabalhar junto com as massas e trabalhadores brasileiros”.

Especificamente sobre o acordo entre o PMDB e o PT, Juliano Siqueira desmonta. “Para nós não existe nada disso, não conheço nada. Não vi nenhum papel. Não participei de nenhuma conversa. Quem quiser discutir alianças conosco, a sede fica na Olinto Meira. Adianto que tem alguns partidos que preferimos que nem chegue lá para não receber porta na cara: PSDB, DEM, PPS. Mas outros, se quiserem se redimir de seus erros e alianças ideológicas, receberemos e discutiremos. Mas, até agora, não recebemos. E minha posição pessoal e a tendência é no sentido de termos candidato próprio, podendo flexibilizar. Mas vai depender deles, ampliar o processo de discussão e principalmente da decisão da ampla maioria do partido. Não vai ser nenhum iluminado ou iluminada que irá decidir o nosso caminho”.

Nenhum comentário:

Postar um comentário