quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Greve dos bancários já representa prejuízo de R$ 20 milhões na arrecadação de ICMS ao RN

A greve dos bancários, que completa hoje 21 dias, vai acarretar perdas na arrecadação de ICMS do Estado na ordem de R$ 20 milhões a serem sentidos já na próxima arrecadação.

Dos R$ 358 milhões gerados em média mensalmente pelo tributo no RN, em torno de R$ 67 milhões são oriundos do setor varejista. A redução de 30% nas vendas do comércio faz parte de um cálculo nacional divulgado pela Federação das Associações Comerciais.

Mas são nas vendas do Dia das Crianças que estão as piores expectativas do comércio. Hoje, o vice-presidente do CDL Natal, Augusto Vaz, disse que o segmento lojista já saiu de um estado de preocupação para forte apreensão com os prejuízos da greve dos bancários.

Segundo ele, a estrutura montada pelos bancos para receber depósitos é exígua e está longe de atender a demanda.


“Em geral, há uma agência com dois funcionários para atender depósitos quando há muitos comerciantes que precisam chegar às sete da manhã para serem atendidos, quando são”, afirmou.


Procurada pelo O JORNAL DE HOJE, a assessoria de comunicação da superintendência local do Banco do Brasil comunicou que toda a informação sobre o que as instituições estão fazendo para minimizar as consequência da greve dos bancários está centralizada na Federação Nacional dos Bancos, em São Paulo.  “Não podemos responder a nenhuma questão, pois há uma determinação nesse sentido da Federação”, explicou uma fonte da superintendência.

Ontem (8), a Câmara de Dirigentes Lojistas de Natal distribuiu no fim da tarde uma nota expressando sua preocupação com o prolongamento da greve dos bancários.

O documento cobra das instituições a manutenção dos serviços mínimos essenciais conforme estabelece a lei de greve, que define a compensação bancária como serviço essencial (depósitos bancários, saques, pagamentos de boletos, compensação de cheques) para que a população, comerciantes e consumidores, não sejam prejudicados com a paralisação da categoria.

Na mensagem, a CDL “reconhece o valor da greve como instrumento histórico de luta por melhores condições de trabalho”, mas em nome da categoria lojista, faz um apelo para que os serviços mínimos previstos em lei sejam respeitados e para que as autoridades competentes fiscalizem e cobrem pelo cumprimento da legislação.

“A situação – diz o texto – está prejudicando os empresários que, impossibilitados pela paralisação, não conseguem honrar seus compromissos financeiros, e prejudica também o consumidor, que encontra dificuldade para sacar/depositar quantias, fazendo a economia paralisar por escassez de dinheiro”.

Hoje, Augusto Vaz comentou que o maior temor dos comerciantes era que a greve atingisse o quinto dia útil de setembro, quando a maioria das empresas deposita o pagamento de seus empregados, movimentando o comércio.

“Com isso, o faturamento das lojas já sofreu um baque e essa situação muito rapidamente deve comprometer toda a economia do Estado”, acrescentou o vice-presidente da CDL Natal.
Essa retração, segundo Vaz, deve se refletir também nos números do último trimestre, quando há um aquecimento normal nas vendas. Essa preocupação cresce também com a chegada do Dia das Crianças, quando há um incremento expressivo nos negócios.

Vestuário, calçados, eletroeletrônicos estão entre os segmentos a serem mais afetados, segundo as lideranças nacionais do comércio.


Augusto Vaz enumerou pelo menos cinco consequências tangíveis e intangíveis da greve dos bancários: além da escassez de dinheiro em circulação (lado tangível), a população fica com medo de portar dinheiro com a insegurança e retrai os gastos por não saber qual será o comportamento dos grevistas (lado psicológico).


Para o superintendente da Associação Comercial do Rio Grande do Norte, Adelmo Freire, o certo é que a grave dos bancários agravará os resultados para o Dia das Crianças, cuja data já prometia um crescimento de 4,5% em relação ao ano passado – o pior resultado dos últimos três anos.

“Isso é muito ruim porque significa o agravamento de um problema já aguardado em função de outros sinais negativos da economia”, afirmou. “O varejo – lembrou Freire – é justamente o termômetro da atividade econômica”.

Ontem, a CDL Natal pediu para seu departamento jurídico que levantasse a existência de alguma provocação junto ao Ministério Público sobre a deficiente atuação dos bancos para minimizar a greve. E se cabe alguma medida judicial em relação ao próprio movimento de greve ter sido montado para não atender o público dentro do que é normal sob essas circunstâncias.

Na semana passada, durante a convenção dos lojistas, o medo de que a greve dos bancários se prolongasse provocou uma série de reações entre os empresários, irritados até com o feriado dos Mártires de Cunhaú e Uruaçu, que matam o comércio financeiramente.

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