terça-feira, 24 de setembro de 2013

Aliada de Rosalba em Mossoró se filia ao PMDB e deixa partido híbrido

Um misto de oposição com governo. É assim que pode ser classificado o PMDB no Rio Grande do Norte. O partido, dos líderes políticos Henrique Eduardo e Garibaldi Filho, rompeu há menos de trinta dias com o governo Rosalba Ciarlini (DEM), mas mantém em aberto a possibilidade de compor com a legenda presidida pelo senador José Agripino Maia (DEM) para as eleições de 2014. Para completar, ontem, em solenidade na Câmara Municipal de Mossoró, Henrique e Garibaldi abonaram a ficha de filiação partidária da ex-prefeita de Mossoró Fafá Rosado (DEM), aliada política da governadora Rosalba Ciarlini, aos quadros do PMDB.

Ao assinar a sua ficha de filiação do PMDB, a ex-prefeita de Mossoró, que já foi filiado ao PMDB, afirmou que seguiu o “caminho do coração” voltando ao partido no qual começou sua militância política. Durante o evento, ela homenageou o ex-presidente estadual do partido, Aluizio Alves, falecido em 2006, um dos maiores incentivadores de sua candidatura à Prefeitura de Mossoró. Fafá também agradeceu o apoio e o compromisso do deputado Henrique Eduardo Alves e do ministro Garibaldi Filho, que a ajudaram nos seus oito anos como prefeita (2004 a 2012), do mesmo modo que, agora, continuam ajudando a prefeita Cláudia Regina (DEM).

O ato de filiação de Fafá Rosado ao PMDB foi realizado no plenário da Câmara Municipal de Mossoró, em solenidade conduzida pelo presidente estadual do partido, Henrique Eduardo Alves. Também participaram do evento o ministro da Previdência, Garibaldi Filho; a presidente municipal do PMDB, Izabel Montenegro; o vice-prefeito de Mossoró, Wellington Filho; e um grande número de correligionários.

CONFUSÃO
A filiação de Fafá Rosado ao PMDB cria mais um elemento no contexto de ambiguidade do PMDB potiguar. O partido, que anunciou o afastamento em relação ao governo do DEM, mantém em aberto a possibilidade de se aliar ao DEM na disputa do ano que vem. Em entrevistas à imprensa, lideranças do PMDB declararam que o rompimento do partido não foi apenas com o governo Rosalba, mas com o DEM.

Na verdade, existiria um acordo entre os presidentes do DEM e do PMDB, José Agripino e Henrique Alves, respectivamente, no sentido de apoio mútuo nas eleições de 2014. Agripino teria ficado irritado com o rompimento do PMDB, haja a vista que o suposto acordo teria em vista a aliança entre as duas legendas em 2014. No dia em que o PMDB rompeu, Agripino declarou que o DEM manteria o diálogo com o PMDB. Até o momento, nenhuma liderança, seja do DEM, seja do PMDB, afirmou ser impossível uma coligação entre as duas legendas para as eleições do ano que vem.

A confusão quanto à exata posição política do PMDB em relação ao DEM após a entrega dos cargos e o afastamento é ampliada com a chegada de Fafá Rosado ao partido de Henrique e Garibaldi. Fafá governou Mossoró por oito anos empunhando a bandeira do DEM. Seu marido, o deputado estadual Leonardo Nogueira, é do DEM e já avisou que não vai sair. Já a prefeita Fafá se filiou ontem ao PMDB, avisando que não rompe de jeito nenhum com Rosalba. O PMDB em Mossoró, bem como em outros municípios, é aliado ao DEM.

O fato de o deputado estadual Leonardo Nogueira ter afirmando e reafirmado recentemente que a filiação de Fafá ao PMDB não representaria, sob nenhuma hipótese, o rompimento ou o afastamento de Fafá em relação ao grupo político da governadora Rosalba Ciarlini, levou lideranças do PMDB a afirmarem que o PMDB não é cobra de duas cabeças.

Em entrevista ao Jornal de Hoje, o ministro da Previdência, Garibaldi Filho, disse que “Fafá não pode ter outra atitude a não ser concordar com o rompimento” do PMDB com Rosalba Ciarlini. Garibaldi disse não ser possível Fafá ser aliada de Rosalba, “porque como é que Fafá vem para o partido? Para ter uma atitude de dissidência? Se ela está chegando agora, eu acho que está chegando numa hora de rompimento e não pode ter outra atitude que não concordar com esse rompimento”, afirmou.

O líder do PMDB na Assembleia Legislativa, deputado estadual Walter Alves, havia expressado, antes do pai, o mesmo sentimento: “A prefeita Fafá é um quadro qualificado. Foi uma boa prefeita de Mossoró e o PMDB se fortalece com sua chegada. Mas ela chega sabendo que o PMDB rompeu com o governo”.  O deputado Nélter Queiroz (PMDB) também se manifestou: “Fafá Rosado chegará sabendo que o PMDB é um partido de oposição”, disse.

“PMDB vai procurar construir uma candidatura a governador dentro dos seus próprios quadros”
Durante o ato de filiação de Fafá ao PMDB, o presidente da Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo, afirmou que o PMDB está elaborando um projeto “realista e viável” visando à recuperação do Rio Grande do Norte e que vai apresentá-lo, com uma proposta de parceria aos demais partidos, no início de 2014.

Questionado sobre a possibilidade de o PMDB apoiar integrantes de outros partidos para o governo do Estado – como o vice-governador Robinson Faria (PMN) e o prefeito de Natal, Carlos Eduardo (PDT) -, o presidente da Câmara disse que “o PMDB vai procurar construir uma candidatura dentro dos seus próprios quadros”.

Henrique destacou que somente no “momento oportuno”, entretanto, o partido vai definir nomes. “Primeiro, temos que pensar na recuperação do Rio Grande do Norte, que enfrenta uma situação de extrema dificuldade. Por isso, estamos elaborando uma proposta de governo, a ser discutida com os demais partidos, convictos que estamos de que ninguém ganhará uma eleição sozinho e muito menos conseguirá governar”, afirmou.

Ele assinalou, porém, que o momento de definição ainda não chegou. Primeiro, alertou, é preciso formar uma aliança diante de um programa de governo e, em seguida, partir para a construção da chapa majoritária, que não se resume à indicação do nome do candidato a governador – tem também os nomes dos candidatos à vice-governadoria e ao Senado.

Em relação ao anúncio de rompimento do PMDB com a governadora Rosalba Ciarlini e à sua atitude de respaldar pleitos administrativos junto ao governo federal, Henrique Alves afirmou que “o PMDB deixou de participar do governo e afastou-se do projeto político-eleitoral da governadora; mas não rompeu, porém, os seus compromissos com o Rio Grande do Norte”.

Nesse sentido, ele lembrou que conseguiu com o chefe da Secretaria de Aviação Civil, ministro Moreira Franco, para que uma equipe técnica da secretaria de Aviação Civil visite Mossoró, na próxima semana, para que seja feita uma avaliação sobre a condição do aeroporto e suas necessidades para que volte a operar comercialmente.

Garibaldi reforça que PMDB faz oposição a Rosalba
Participando em Mossoró ao lado do presidente da Câmara Henrique Eduardo do ato de filiação da ex-prefeita de Mossoró Fafá Rosado, o ministro da Previdência, Garibaldi Filho, reafirmou a posição de oposição do PMDB em relação ao governo Rosalba Ciarlini.

O ministro salientou que o PMDB se configura hoje como um partido de oposição ao projeto político capitaneado pela governadora Rosalba Ciarlini, mas que continua – através dele e do deputado Henrique Eduardo – a ajudar nas demandas que tragam benefícios para o Rio Grande do Norte. “Quero dizer, Fafá, que contamos com você para o que der e vier. O PMDB terá candidato próprio em 2014, e vamos ganhar se Deus quiser”, reforçou o ministro, em mais uma sinalização de que o PMDB não comporta aliança com o governo Rosalba Ciarlini.

No seu discurso, o ministro deu as boas-vindas aos novos filiados, sobretudo, a ex-prefeita Fafá Rosado, que entrou para a política em meados dos anos 2000 através do PMDB, sendo ela respaldada à época pelo ex-governador Aluísio Alves. “Fafá, mesmo atuando em outro partido nos últimos anos, nós sempre soubemos que o seu coração era PMDB. Você retorna numa hora importante. Nós sabemos do seu amor por Mossoró e, mais ainda, do amor dos mossoroenses por você”, destacou Garibaldi Filho.

Betinho abandona DEM sem justa causa e poderá perder o mandato
Mesmo sabendo que ficará passível de perder o mandato, o deputado federal Betinho Rosado (DEM) comunicou nesta segunda-feira, ao juiz eleitoral da 33ª Zona Eleitoral, onde é inscrito, em Mossoró, que pediu desfiliação do partido. A desfiliação de Betinho ocorre após duas tentativas frustradas dele de obter justa causa na Justiça Eleitoral para deixar o DEM. Na semana passada, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) emitiu decisão final quanto à desfiliação solicitada pelo parlamentar, sendo pela não liberação. Com isso, Betinho, que alega discriminação, resolveu deixar o partido assim mesmo.

Para concorrer nas eleições de 2014, Betinho Rosado deverá fazer uma nova filiação partidária até o próximo dia 5 de outubro.  Em entrevista à imprensa, esta manhã, o deputado afirmou que, com o comunicado feito à Justiça Eleitoral, em 48 horas estará livre para fazer uma nova opção partidária. “Desta vez não é tentativa. O procedimento que eu fiz desfilia automaticamente dentro de dois dias”, frisou.

Para justificar o pedido de desfiliação, o deputado Betinho Rosado disse que está sofrendo discriminação.
Segundo consta no seu processo de desfiliação por justa causa, nos pleitos eleitorais de 2006 e 2010, o DEM não destinou recursos financeiros igualitariamente para os candidatos do partido, tendo beneficiado o filho do senador José Agripino, deputado federal Felipe Maia (DEM), com maior fatia de recursos financeiros oriundos da legenda.

Segundo Betinho, por conta disso, houve grave discriminação pessoal em relação à sua pessoa. A discriminação pessoal é tratada por uma resolução específica do TSE, que estabelece as condições para desfiliação por justa causa.

Ainda de acordo com Betinho Rosado, nas eleições 2006, foram gastos R$ 345 mil com os candidatos ao cargo de deputado federal. Desse total, R$ 100 mil ficaram em sua campanha, enquanto R$ 245 mil com o candidato Felipe Maia. Betinho conclui alegando que no pleito de 2010, o DEM despendeu R$ 1,1 milhão com os candidatos ao cargo de deputado federal, mas nada foi destinado à sua candidatura.

Ainda em contato com a imprensa local, Betinho disse que não sabe para qual legenda migrará e que isso será definido até a próxima semana. Essa informação é importante porque, dependendo da escolha, Betinho poderá perder o mandato na própria Justiça Eleitoral, já que a lei é clara e o mandato pertence ao partido e não ao político. “A única coisa certa que eu tenho é que o partido que eu irei estará apoiando a candidatura de reeleição da governadora Rosalba Ciarlini”, afirmou.

REAÇÃO
Em nota enviada à imprensa, o presidente nacional do DEM, senador José Agripino, afirmou nesta segunda-feira, que não vai aceitar a saída do deputado federal da legenda. O senador avisou que fará uma denúncia formal, na qual apontará infidelidade partidária.

“Sobre razões ou motivo para o deputado Betinho Rosado se desfiliar do Democratas  já se manifestaram o Ministério Público e o Tribunal Superior Eleitoral, negando-lhe  justa causa. Como amigo do deputado, lamento seu pedido de desfiliação. Como presidente do Partido, cabe-me ouvir a Executiva Nacional e tomar as providências que a lei impõe”, disse Agripino.

Se a Justiça Eleitoral acatar as alegações do presidente do DEM, Betinho Rosado poderá ser punido com a perda do mandato. Como não há suplente no partido, a vaga recairia para o suplente Rogério Marinho (PSDB), atual secretário estadual de Desenvolvimento Econômico do Rio Grande do Norte.

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