terça-feira, 24 de setembro de 2013

Donos de terrenos improdutivos no Distrito Industrial de São Gonçalo serão intimados

A T&A Pré-Fabricados, empresa cearense do ramo da construção civil, passa por uma situação inusitada. Segundo seus representantes, a Secretaria de Estado do Desenvolvimento Econômico do Rio Grande do Norte (Sedec/RN), através do secretário adjunto, Sílvio Torquato, estaria anunciando a doação de um terreno da companhia a terceiros sem autorização.

A grande questão é que, segundo Torquato, esse lote, assim como alguns outros localizados no Distrito Industrial de São Gonçalo do Amarante, está ferindo a legislação específica da criação do polo de desenvolvimento da indústria do Estado, que exige a produtividade plena dessas áreas, sob pena de o Estado confiscar os terrenos ociosos. “O que acontece é o seguinte, o programa de desenvolvimento da indústria no RN foi criado ainda nos anos 1980 e, em um primeiro momento, funcionava com a venda de lotes de terra a preços simbólicos para que empresas instalassem suas frentes de produção aqui. O porém é que, 30 anos depois, ainda há terrenos improdutivos no local, entre eles o que pertence à T&A, o que caracteriza simples especulação imobiliária. Isso eu não posso permitir”, afirma o secretário adjunto da Sedec.

O local em questão havia sido vendido à Marcotex Ltda., firma que atua no setor têxtil, como parte da primeira rodada de ações de incremento à atividade industrial no RN. À época, essas negociações eram viabilizadas pela Companhia do Desenvolvimento Industrial do RN (CDI), órgão que foi extinto em 1995.

Vale lembrar que todo o espólio do CDI, entre ônus e bônus, ficou sob responsabilidade de outra entidade vinculada à administração estadual, a Companhia de Processamento de Dados do RN (Datanorte), a qual, obrigatoriamente, deveria ser notificada sobre toda e qualquer negociação envolvendo cessão de terras para desenvolvimento industrial no Estado. De acordo com documentação apresentada pela T&A, a empresa adquiriu o loteamento junto à Marcotex em 1998, sendo sua proprietária legal, mas tudo isso vem sendo ignorado pela Sedec.

Segundo o presidente da Datanorte, Adalberto Pessoa, existe uma série de pendências acerca do Distrito Industrial de São Gonçalo que causam embaraços à entidade até hoje. “É um assunto muito delicado. Tem um pedaço do Distrito Industrial que foi desapropriado e a indenização sequer foi paga até hoje. Tudo que diz respeito àquela área é muito complexo e requer uma atenção especial”, aponta.

Sílvio Torquato explica que, na realidade, a questão é de competência exclusiva da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, pois todas as responsabilidades da Datanorte foram repassadas à Sedec através de ofício entregue à pasta no início desse ano. “A competência sobre todos esses assuntos é nossa.

A extinta CDI era um órgão ligado a essa secretaria, inclusive; a Datanorte havia assumido o espólio da companhia, mas nos entregou um ofício no último mês de janeiro transferindo totalmente as responsabilidades sobre a administração das terras do Distrito Industrial para a Sedec”, detalha.

“Quanto ao terreno da T&A, não estamos discutindo o mérito da propriedade. Se eles o adquiriram junto à Marcotex, são, de fato, os legítimos donos, ainda que fosse de bom tom ter comunicado à Secretaria sobre a negociação, quando foi feita. O que está em pauta aqui é o fato de que, independente de quem seja o dono daqueles lotes, eles fazem parte do Distrito Industrial e têm de se submeter à legislação específica que rege aquela iniciativa. Por conta disso, estamos enviando intimações aos donos de áreas improdutivas nos próximos dias, para que as devidas providências sejam tomadas; eles terão um prazo para iniciar a implantação das indústrias. Caso a determinação seja descumprida, os terrenos voltam para o Estado, assim como já aconteceu com alguns lotes no Distrito Industrial de Macaíba”, salienta Sílvio Torquato.

O adjunto contou que até mesmo uma casa de shows foi construída nos terrenos destinados ao desenvolvimento industrial do RN. Segundo ele, o proprietário também será notificado e o empreendimento deverá ser retirado do local. (CL)

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